O governo de centro-direita da Itália adotou uma postura dura contra a imigração, mas estudos mostram que os trabalhadores estrangeiros estão tendo um papel crescente não apenas como mão-de-obra barata, mas também abrindo suas próprias empresas.De acordo com um relatório da organização católica Caritas/Migrantes, há quase 4 milhões de estrangeiros morando legalmente na Itália. Até 2050, eles devem representar 18% da população. Um em cada 10 trabalhadores na Itália nasceu no exterior, e a associação empresarial Unioncamere estima que produzem mais de 9% do produto interno bruto."Uma política de imigração restritiva, como a adotada por nosso governo, diminui o número de trabalhadores estrangeiros e tem o efeito involuntário de remover os mais qualificados. O país está preso em uma espiral de fortes restrições, imigração 'ruim' e preconceito", escreveram os economistas Paolo Giordani e Michele Ruta para o site La Voce.
Uma recente cerimônia de premiação para imigrantes empresariais na Itália, organizada pela MoneyGram, uma empresa de transferência de dinheiro americana, teve entre os finalistas: Marius Tiberius, romeno que dirige uma empresa de alimentos no atacado; Ivan Cruscov da Bulgária, por seu laboratório de ferro; Dava Gjoka, albanês que dirige uma cooperativa de estrangeiros; e a designer da moda Margarita Perea Sanchez da Colômbia.Todos os finalistas moram na Itália e dão uma nova face à imigração, em geral caracterizada pelas reportagens de criminalidade exploradas por políticos extremistas. Eles querem ser chamados de "novos italianos" no lugar de imigrantes e querem ter um papel ativo na sociedade, a começar pelo direito de votar.As estimativas são de 165.000 empresas dirigidas por estrangeiros na Itália. O número triplicou desde 2003, e hoje uma de cada 37 empresas registradas e ativas na Itália é de propriedade estrangeira.
Marroquinos, romenos e chineses são os mais ativos, representando quase 45% de todos os empresários estrangeiros.
Mais de um quinto das empresas administradas por estrangeiros estão na região próspera da Lombardia, apesar desta área ser o coração da Liga Norte de direita, cujas tendências xenófobas são influentes no governo de coalizão de centro-direita.A Liga recentemente propôs o estabelecimento de testes do dialeto local para professores escolares no Norte, para reduzir o número de professores vindos do Sul.
"Os empresários imigrantes têm uma vantagem sobre os italianos, que vêem a crise (financeira) como obstáculo intransponível. Eles têm uma mentalidade e abordagem diferentes. Eles lutam pelo futuro, enquanto nós (italianos) estamos ancorados no passado e presos aos esquemas tradicionais", disse Massimo Canovi, diretor da MoneyGram.
O vencedor do prêmio da MoneyGram de 2009 foi Khawatmi Radwan, fundador da Hirux International, exportadora de aparelhos elétricos. De Aleppo, na Síria, Radwan está na Itália desde os 17 anos e sua empresa com sede em Milão tem um fluxo de caixa de mais de 60 milhões de euros (em torno de R$ 160 milhões).
"Empresas com donos estrangeiros sempre precisam estar um passo na frente, são alvo de mais inspeções do que as italianas e devem investir na inovação", disse Radwan.
Financial Times
Giulia Segreti em Roma (Itália)
Tradução: Deborah Weinberg
Giulia Segreti em Roma (Itália)
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