Sindicatos italianos são contra salários diferentes de Norte a Sul

Sindicalistas italianos manifestaram-se contra a proposta de aumentar os salários no norte do país, feita pelo ministro italiano para as Simplificações Normativas, Roberto Calderoli. O ministro, que pertence à Liga Norte (aliada ao partido governista Povo da Liberdade, PDL), apresentou a iniciativa de adequar os rendimentos dos italianos aos diferentes custos de vida que existem no país. "Considerando a vontade manifestada pelo Executivo de enfrentar de uma vez a questão sobre o sul, também é necessário e urgente resolver a questão do norte", disse. A sugestão foi inspirada por um estudo que mostra que ao sul da península os preços são mais baixos. A pesquisa, realizada pelo Banco da Itália, revelou que o custo de vida das regiões do sul da Itália é cerca de 17% inferior ao do norte. Um dos principais fatores da diferença é o preço da moradia. "É um problema falso, os salários por si já são mais baixos no sul do que no norte", alertou Raffaele Bonanni, líder da Confederação Italiana de Sindicatos de Trabalhadores (CISL).

Chamado de "Diferença no nível de preços do consumo no norte e no sul" pelos pesquisadores Luigi Cannari e Giovanni Luzzolino, o estudo mostra discrepância de 15% entre os preços dos produtos que representam 60% do gasto familiar. A proposta de Calderoli veio poucos dias após o premier Silvio Berlusconi liberar 4 milhões de euros para a região da Sicília com o objetivo de evitar uma separação política da ilha, onde alguns dirigentes do PDL queriam formar o "Partido do Sul", em contraponto à Liga do Norte. A Liga, sem a qual o governo não teria a maioria absoluta no Parlamento, quer restaurar um sistema que havia sido introduzido depois da Segunda Guerra Mundial e deixado para trás em 1969, conhecido como "jaulas salariais".

As regiões meridionais da Itália atravessam grandes dificuldades econômicas, já que o desemprego está em cerca de 12%, três vezes mais do que no norte industrial. O número de famílias em pobreza absoluta é o mais alto do país, com 7,9% contra os 4,6% do nível nacional. O estudo do Banco da Itália mostra ainda que o "custo dos aluguéis no sul é equivalente a aproximadamente 60% do mesmo valor no centro e ao norte do país, levando em conta, naturalmente, imóveis com características compatíveis".

Com informações da Ansa