quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Berlusconi sugere reforma o CS mas sem ampliar assentos fixos

O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, sugeriu ontem em Nova York, em seu discurso na Assembleia Geral da ONU, reformar o Conselho de Segurança da entidade, mas sem a ampliação de seus assentos fixos. "Devemos reformar o Conselho de Segurança, para torná-lo mais eficaz e representativo", disse o governante. Em seguida, no entanto, o premier sustentou que criar novas cadeiras permanentes poderia "aumentar o sentimento de exclusão de todos os países que contribuem ativamente para a paz e a segurança internacional, e também das novas nações que, no futuro, poderão assumir responsabilidades maiores". A posição da Itália contraria as pretensões do Brasil de obter um assento fixo no Conselho de Segurança, o que lhe daria o mesmo direito de veto que hoje têm Estados Unidos, Reino Unido, Rússia, China e França, membros permanentes da entidade. Ainda em seu discurso na ONU, o premier defendeu a existência do G8 (grupo dos sete países mais industrializados e a Rússia), apesar da crescente relevância assumida no cenário internacional pelo G20 (que reúne os países ricos e os principais emergentes). "O G8 mantém sua importância, com um papel relevante sobre questões geopolíticas, como a não-proliferação [de armas nucleares] e o desenvolvimento, como foi confirmado em L'Aquila", afirmou o mandatário, referindo-se à última cúpula de líderes do grupo, ocorrida em seu país. Berlusconi defendeu uma "melhor coordenação" entre G8 e G20 para enfrentar o desafio da "governabilidade mundial da economia, abrindo-a a todos os principais países determinados a contribuir, no respeito natural do papel central das Nações Unidas". O premier também enfatizou o caráter "absolutamente prioritário de regulamentar de modo rígido o mercado de futuros", para combater a especulação financeira e a "manipulação dos mercados de energia, das matérias-primas e dos recursos alimentares". Neste sentido, propôs um "sistema global de reservas estratégicas de matérias-primas" e a "abolição dos paraísos fiscais". Para isso, ressaltou a urgência de "confiar um severo papel de controle às agências especializadas neutras". "O novo modelo de desenvolvimento deverá também se basear na rejeição do protecionismo e na abertura dos mercados, para que os países mais pobres possam se beneficiar plenamente das oportunidades de crescimento oferecidas pelo comércio internacional", opinou Berlusconi. O mandatário lembrou que "no século passado a comunidade internacional enfrentou crises até mais trágicas do que a atual", o que significa que "nenhuma crise é insuperável". Sobre a mudança climática, Berlusconi reforçou que se trata de um "desafio que poderá ser vencido com o empenho de todos os protagonistas da economia mundial, sem exceções". O premier italiano também defendeu que as ajudas financeiras direcionadas aos países em desenvolvimento sejam condicionadas à "promoção da democracia", do "bom governo", do "respeito aos direitos humanos" e à proteção das "mulheres e crianças".


Da Ansa

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