Arraial D'Ajuda, Ansa - Nos últimos cinco anos, o litoral sul da Bahia tem se tornado um pólo atrativo para investimentos estrangeiros, é o que afirma o cônsul italiano Ulisse Baggi, ressaltando que atualmente há cerca de 350 empresas registradas em nome de italianos na região. Segundo ele, os italianos atuam no nordeste brasileiro em diversas atividades, como "turismo, construtoras, lojas, locadoras de carros... A maioria vem para a região investir", detalhou em entrevista à ANSA o representante consular da Itália, que vive no Brasil há 30 anos. Este é o caso do empresário Cláudio Fava, de 37 anos, que deixou a cidade de Veneza para abrir um complexo hoteleiro em Arraial D´Ajuda , distrito de Porto Seguro. "Abrir o hotel foi uma casualidade, eu estava viajando, passando férias, e encontrei este terreno. Nem acreditei que ele estava disponível e por um bom preço", contou.
De acordo com o italiano, o retorno da aplicação "foi mais do que o esperado, já que há cinco anos [época em que decidiu pelo empreendimento] o câmbio era favorável e a economia estava melhor. Hoje aumentou o custo de funcionários e etc. Tem que saber mirar para fazer um investimento". Arraial D´Ajuda fica a quatro quilômetros de Porto Seguro, no sul baiano, e suas principais atrações são as praias paradisíacas. Com mais de 96 mil moradores, a cidade vive principalmente do turismo. Por ano, de acordo com dados da Empresa Brasileira de Turismo (Embratur), cerca de 1,3 milhão de visitantes passa pela localidade. Ainda segundo o organismo, em 2008 a Bahia recebeu 180 mil visitantes estrangeiros.
O turismo costuma ser a primeira opção dos imigrantes que viajam ao Brasil. Muitos europeus, porém, se estabelecem na região baiana e não têm a pretensão de retornar ao seu país de origem, como o chef de cozinha Paolo Ripoli, 42. "Aqui é a minha terra", disse o italiano ao ser questionado pela ANSA sobre a possibilidade de retornar à Itália.
Ripoli, que vive no Brasil há 11 anos, explicou ainda que "a Itália infelizmente está passando por um período crítico com a moeda, o dinheiro. Isto está acabando com os italianos". Portanto, voltar ao continente europeu não faz parte de seus planos no momento. Somente no primeiro trimestre deste ano, o déficit público italiano atingiu 9,3% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Especialistas também avaliam que o PIB sofrerá uma retração de quase 5% em 2009, e crescerá cerca de 0,6% no próximo ano. Para o italiano Giovanni Ciscato, 46, que também investiu em imóveis em Arraial D'Ajuda, o momento não é propício para investimentos nem no Brasil e nem no exterior. "É possível que eu faça mais para frente. Atualmente, o real está forte em relação ao euro. Temos que analisar".
"Estamos em crise na Europa e precisamos ficar atentos nos investimentos, porque somos pequenos investidores", analisou Ciscato, que possui uma casa de férias na cidade baiana e a aluga quando está na Itália. O cenário de crise pode ser comprovado mais uma vez no início desta semana, quando o centro de estatísticas Eurostat divulgou que a taxa de desemprego na zona do euro chegou a 9,5% em julho, atingindo o maior nível desde maio de 1999. De acordo com o relatório, no momento há aproximadamente 21 milhões de pessoas sem trabalho nos países da União Europeia, dos quais 15 milhões estão em nações que utilizam o euro como moeda. O Brasil, portanto, surge como a melhor opção para investimentos, principalmente devido à relação "qualidade-preço", disse Ciscato.
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