quarta-feira, 21 de abril de 2010

Giacomo Tachis, uma vida dedicada ao vinho

Giacomo Tachis, foto divulgação

Roma, Ansa - O italiano Giacomo Tachis, conhecido como o "príncipe dos enólogos" em seu país, ao anunciar que se aposenta, disse que "o vinho jamais conhecerá uma crise, porque as pessoas o bebem e sempre o beberão" e incluiu entre os bons produtores Chile e Argentina.

Tachis, autor de vinhos excelentes como Sassicaia, Bolgheri, Tignanello e Solaia, nas propriedades de Antinori (perto de Florença), anunciou que deixa a atividade.

"Me afasto porque tenho 77 anos, obtive grandes satisfações e agora quero me dedicar totalmente à família, a meus netos e meus livros", justificou o enólogo.
Tachis, um piemontês originário de Poirino (Turim, norte da Itália) e radicado há algum tempo na Toscana, é considerado o artífice do renascimento do vinho italiano.

Depois de estudar na Escola de Enologia de Alba, e depois de suas primeiras experiências profissionais, Tachis desembarcou em 1961 na casa vitivinícola Marchesi Antinori, onde permaneceu por 32 anos e da qual foi diretor.
"O vinho jamais saberá o que é uma crise, porque as pessoas o consomem e continuarão a fazê-lo sempre", garantiu o especialista.

"Nas últimas décadas se fizeram grandes investimentos econômico-financeiros nos campos, o que de um lado foi bom porque trouxe desenvolvimento. De outro foi ruim, porque houve os que se aproveitaram do progresso inicial e geraram uma tendência especulativa. Seja como for, o vinho teve e sempre terá mercado", destacou.

O vinho sempre existirá e "será natural se for fiel à sua natureza".

"Devemos respeitar a natureza e a simplicidade do vinho. Nada de química, como se faz atualmente; e muita atenção à genética, porque a natureza pode se rebelar", comenta Tachis, que acrescenta que "esta herança moral, que passa para as novas gerações de enólogos, é também um alerta aos consumidores".

Em seguida, ele diferenciou o ""vinho do pobre e o vinho do rico".

"O do pobre é o 'vinum operarium', feito simplesmente pelo agricultor, que brota do sentimento e que é o mais próximo da natureza", explicou. "O camponês sério faz vinho respeitando seu sentimento e a inspiração ele consegue do campo e da harmonia com ele. Desta forma o vinho nasce da mão do homem, como a natureza deseja".

Já "o vinho do rico surge de técnicas sofisticadas, com uma determinada decantação e microfiltragens. As vinhas também são selecionadas e são mais nobres", destacou.*

O "Príncipe dos enólogos italianos" afirma ainda que o seu mundo abre as portas para a biologia molecular e à engenharia genética e faz previsões: "Agora é o momento das vinhas emergentes como Cabernet e Syrah, mas no futuro haverá outras".

Tachis também considerou que no futuro as pessoas preferirão vinhos de "baixa graduação alcoólica, mais fáceis de beber e adequados aos seus próprios hábitos alimentares".

Ao destacar as regiões fora da Itália onde se obtém bons vinhos, Tachis mencionou "Califórnia, Chile, África do Sul e Argentina".

Tachis, apaixonado bibliófilo, em sua casa de San Casciano Val de Pesa, guarda volumes antigos e preciosos e de seu escritório continuará a contribuir para a agricultura e em particular para a vitivinicultura.
 
http://www.italianos.it/

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