Scajola
Roma, 4 maio, Ansa - O ministro italiano do Desenvolvimento Econômico, Claudio Scajola, que teve seu nome envolvido em um recente escândalo de corrupção na compra de um apartamento, anunciou hoje que renunciará ao cargo "para se defender" das acusações.
"Estou vivendo há dez dias uma situação de grande sofrimento. Estou no centro de uma campanha midiática sem procedentes e não sou investigado. Me encontro noite e dia seguindo a imprensa para entender do que se fala", declarou.
O nome de Scajola veio à tona em um inquérito da Procuradoria de Perúgia, centro da Itália, sobre contatos imobiliários. Ele é suspeito de ter recebido dinheiro pela negociação de um imóvel localizado em Roma, com vista para o Coliseu.
"Estou exposto a cada dia a reconstruções jornalísticas contraditórias. Nesta situação, que não desejo a ninguém, devo me defender. E para me defender, não posso continuar a ser ministro como fui nestes dois anos, sem nunca me poupar. (...) Dediquei todas as minhas energias e meu tempo cometendo erros, mas pensando em fazer o bem", disse ele.
A demissão foi anunciada durante uma coletiva de imprensa, na qual Scajola comentou a "estima" endereçada a ele pelo premier italiano, Silvio Berlusconi, "pelo governo, pela maioria e por todo o PDL [Povo da Liberdade, seu partido]". Ele também reconheceu "a atenção responsável e institucional da parte da própria oposição".
O funcionário recordou ser ligado ao primeiro-ministro "por um afeto profundo, por ele correspondido" e observou que sua demissão "permitirá ao Executivo levar adiante o trabalho muito importante que faz pela Itália".
Scajola se disse objeto de uma campanha movida pela imprensa "que não dá trégua nem respiro" e assegurou não estar envolvido no caso, dizendo-se "certo de que isso será demonstrado".
Por outro lado, assinalou que "para exercer a política, que é uma arte nobre com o P maiúsculo, é preciso estar em ordem e não ter suspeitas".
"Se tiver que esclarecer se a minha habitação foi paga por outros sem que eu saiba o motivo, a vantagem e o interesse, meus advogados executarão as ações necessárias para a anulação do contrato", rebateu. "Não poderei, como ministro, morar em uma casa paga por outros. É a motivação que me empurra a me demitir", acrescentou.
Esta é a segunda vez que Scajola apresenta sua renúncia ao cargo de ministro. O mesmo ocorreu em 2002, quando ele ocupava a pasta do Interior no segundo governo de Berlusconi.
Em entrevista à ANSA, o procurador de Perúgia Federico Centrone assegurou que o funcionário não está sendo investigado no inquérito sobre os contatos imobiliários. "Se apresentará como pessoa informada dos fatos e como tal o ouviremos", explicou.
Outros ministros do gabinete de Berlusconi demonstraram solidariedade a Scajola. "Estou muito próximo a ele neste momento tão difícil", declarou o vice-titular do Desenvolvimento Econômico, Adolfo Urso.
"O ministro Scajola motivou sua demissão com a vontade de se defender mais livremente, separado do papel institucional. Portanto, penso que é um gesto determinante para fazer um serviço ao país", acrescentou o ministro da Justiça, Angelino Alfano.
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