sábado, 11 de setembro de 2010

Berlusconi garante que cumprirá mandato

Roma - O premier italiano Silvio Berlusconi garantiu hoje que seu mandato "seguirá adiante pelos três anos" que ainda restam e que a crise desatada após seu rompimento com o presidente da Câmara dos Deputados, Gianfranco Fini, não prejudica a governabilidade.

Em Moscou, na Rússia, o primeiro-ministro disse ter sido questionado sobre o que ocorre na Itália. "Garanti novamente que são pequenas questões de profissionais da política que querem ter sua empresinha política. Mas são coisas que não afetam a governabilidade", afirmou ele.

Berlusconi se referiu ao debate político interno intensificado com a expulsão de Fini do governista Povo da Liberdade (PDL), e a criação, orquestrada pelo presidente da Câmara, do grupo Futuro e Liberdade para a Itália (FLI).

A situação poderia gerar a perda da maioria favorável ao premier no Congresso e com isso ocasionar a antecipação das eleições.

No mês passado, o primeiro-ministro anunciou que submeteria ao Legislativo um voto de confiança sobre seu programa de governo, que inclui cinco pontos: federalismo, tributação, políticas para o sul do país e as áreas de Justiça e Segurança. A votação definiria a convocação ou não do pleito.

No Canadá, onde participa de uma reunião de presidentes de Câmaras do G8 (grupo dos oito países mais industrializados do mundo), Fini afirmou que "não há nada que possa colocar seriamente em discussão a duração da legislatura e a manutenção, por parte da Itália, dos compromissos assumidos ao nível internacional".

Mais cedo, o presidente do Senado, Renato Schifani, também do PDL, defendeu o parlamentar ao comentar pedidos feitos por governistas para que o titular renunciasse ao seu cargo na Câmara, afirmando que ele não pode ser retirado porque "exerce seu papel com a autoridade e a imparcialidade que lhe são reconhecidas".

Esta semana, Berlusconi e seu aliado Umberto Bossi, da Liga Norte, pediram ao presidente da Itália Giorgio Napolitano a renúncia de Fini, já que ele defenderia "um papel hostil às forças de maioria e contra o governo, incompatível com o papel de um presidente da Câmara", segundo ambos disseram em um comunicado.

"Os italianos pedem a atuação do programa e esperam governabilidade. As eleições antecipadas são sempre um trauma para a democracia e devem ser evitadas, a menos que haja situações e circunstâncias tais e irreversíveis que desencadeiem uma crise insolúvel", acrescentou Schifani.

Ainda hoje (10), Berlusconi participou de um fórum sobre democracia em Yaroslavl, no oeste da Rússia, durante o qual comentou que na Itália a magistratura atingiu um "poder que não tem limites" e que muitas "acusações" são "absolutamente inventadas" e colocam "em risco a governabilidade do país".

Entre maio e julho, três ministros renunciaram a seus cargos ao se verem envolvimentos em investigações da Justiça italiana.

O primeiro deles foi o titular do Desenvolvimento Econômico, Claudio Scajola; o segundo, Aldo Brancher, do Ministério de Subsidiariedade e Descentralização; e o último foi Nicola Cosentino, subsecretário de Economia.

O premier também falou que a "luta contra a opressão burocrática" é o combate "à corrupção", citou os esforços que "as democracias" precisam fazer para combater seriamente o tráfico de drogas e apontou sua intenção de financiar uma instituição de saúde com "o objetivo de aumentar a vida média para 120 anos".

Além de participar do fórum, Berlusconi se reuniria na Rússia com o primeiro-ministro Vladimir Putin, seu amigo de longa data, e com o presidente Dmitri Medvedev.
 
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