quarta-feira, 23 de março de 2011

Itália declara moratória nuclear por um ano

Roma - A Itália suspendeu por um ano os procedimentos de construção e instalação de usinas nucleares dentro de suas fronteiras e adiou para dois anos o prazo de definição do documento sobre a estratégia nuclear necessária para prosseguir com os planos energéticos do país.

A decisão foi tomada hoje, após o Conselho de Ministros da Itália aprovar por maioria a moratória nuclear como uma "pausa para a reflexão" sobre o tema, após países como Alemanha, Suíça, China e Venezuela declararem a suspensão de seus planos nucleares. A Itália é um dos únicos países da Europa a não ter usinas atômicas em seu território.

"A moratória de um ano sobre o nuclear é uma decisão de bom senso, de cautela, de respeito à preocupação dos cidadãos frente a episódios extraordinários que suscitaram grandes inquietações na opinião pública", declarou a ministra de Meio Ambiente, Stefania Prestigiacomo.

Ela assegurou que, "hoje, quase duas semanas depois do terremoto e tsunami que devastaram o Japão, não temos todavia uma clareza plena sobre o que ocorreu e sobre o que está ocorrendo" .

De acordo com Prestigiacomo, "depois de uma primeira fase na qual as notícias sobre a frente nuclear se referiam ao que as centrais poderiam deixar, evolui um cenário cada vez mais preocupante que impôs aos governos do mundo a exigência de aprofunda a segurança" energética e dos cidadãos.

Essa exigência, segundo ela, representou "muita pressão" para os países que têm centrais nucleares em suas fronteiras, e que foi sentida "fortemente" pela Itália, uma vez que o país está "rodeado pelas" usinas estrangeiras.

Por sua vez, o subsecretário italiano do Ministério de Desenvolvimento Econômico, Stefano Saglia, sustentou que a moratória nuclear é um "compromisso substancialmente político", e que os próximos 12 meses devem ser destinados à coordenação dos países europeus no estabelecimento de parâmetros de segurança.

No entanto, para o deputado do Partido Democrático (PD), Dario Ginegra, o governo italiano "não tem hoje uma política energética", uma vez que a aprovação do Conselho de Ministros sobre a moratória nuclear ocorreu após uma votação em que se decidiu bloquear, "de modo míope e oportunista", o "desenvolvimento das energias renováveis", indicou.

Na opinião do presidente do partido Esquerda Ecologia e Liberdade, Nichi Vendola, "a decisão do governo confirma por um lado as razões do movimento antinuclear e as preocupações da opinião pública"

A medida foi aprovada com uma maioria constituída pelo Liga Norte, de direita, e pela oposição composta pelos partidos Itália dos Valores (IDV), PD e Federação da Esquerda. O único que se opôs à moratória foi o governista Povo da Liberdade (PDL). 

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