O ministro italiano das Relações Exteriores Franco Frattini, disse hoje que seu país tem provas de que o ditador líbio Muammar Kadafi tinha intenção de "transformar [a ilha] de Lampedusa em um inferno", local de chegada na Itália de milhares de imigrantes. "Temos mensagens terríveis que logo serão divulgadas publicamente", disse Frattini em uma entrevia para a imprensa italiana.
Nas mensagens, aparecem, entre outras coisas, as autoridades do governo líbio dando ordens para "mascarar cadáveres militares com roupas de civis para que a culpa da matança caísse sobre a OTAN" a Organização do Atlântico Norte que se encontra no país para proteger população Líbia.
O ministro explicou que existem provas de que o Kadafi ordenou "colocar em barcos milhares de desesperados e implantar o caos na ilha" de Lampedusa, no sul da Itália. O chanceler italiano comentou que a "ruptura entre o [primeiro-ministro italiano Silvio] Berlusconi e [Muammar] Kadafi foi terrível. O premier o considerava como um amigo e depois o viu matar mulheres e crianças".
O Berlusconi e o Frattini se reuniram ontem em Milão com o líder do Conselho Nacional de Transição (CNT) da Líbia, Mahmoud Jibril, na qual o governo italiano anunciou o descongelamento de uma parcela de 350 milhões de euros dos fundos líbios além de anunciar a criação de um Comitê Itália-Líbia para tratar de assuntos comuns.
Nos últimos anos, Kadafi fez uma série de viagens à Itália, como em junho de 2009 e agosto de 2010. Nas ocasiões, o líbio proclamou uma nova era nas relações entre os dois países. A Líbia, que foi ocupada pela Itália por cerca de 30 anos, possuía vários acordos com Roma firmados durante o regime de Kadafi.
Um dos principais tratados refere-se à imigração e foi assinado em 2008. Com ele, Trípoli ficava responsável por auxiliar no combate às saídas de imigrantes ilegais de sua costa marítima e se responsabilizava também por repatriar os refugiados para seus países de origem.
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