terça-feira, 27 de março de 2012

Divas italianas retratadas por Chiara Samugheo

Por Nicoletta Castagni -      Ela imortalizou as verdadeiras divas italianas dos 50 e 60, de Claudia Cardinale a Monica Vitti, de Sophia Loren a Gina Lollobrigida e Silvana Mangano, conferindo à sua dimensão de star aquele toque de humanidade necessário para se tornarem lendas vivas: é a grande fotógrafa Chiara Samugheo, cujo trabalho ficará exposto até 10 de abril na Franz Kraler - Luxury Multibrand Store em Cortina D'Ampezzo.

     Na mostra estão suas fotos mais famosas, um tira-gosto para a individual que fará de junho a setembro no Museu do Cinema de Turim. Feita no âmbito do Festival de Curta-Metragem, essa importante exposição é intitulada "Cara a cara com as Estrelas" (A tu per tu con le Stelle), e não é apenas uma sequência dos rostos mais amados do cinema italiano dos anos de ouro, mas sim o foco de uma artista que, brincando com a essencialidade das linhas, os fortes contrastes de cores e penteados suntuosos, foi capaz de renovar o retrato de estúdio, até se tornar um modelo para a fotografia de moda e cinema dos anos 80. 

     Nascida em Bari em 1935, Chiara Samugheo  (cujo sobrenome real era Paparella) estreia com a cobertura de uma denúncia social (das favelas napolitanas à prisão de ciganos), mas logo descobre o fotojornalismo que se afirmava nos anos da Dolce Vita, aquele que mostrava aos comuns mortais o mundo do cinema e de suas estrelas, atores, atrizes, diretores, mas também príncipes, intelectuais, entre o estrelato e o jet set.

     Matérias de capa e serviços, lembra Chiara, deviam documentar principalmente ''a figura da diva, da mulher do cinema, como objeto de desejo", lindíssima, muito jovem, inacessível, perseguida pela câmara desde o início da carreira e por vezes até o seu derradeiro (muitas vezes precoce). No entanto, Chiara consegue, mesmo dentro desse contexto, devolver ao corpo-objeto das divas uma feminilidade e personalidade reais, algo de profundamente íntimo, contrastando com a dialética do ambiente efêmero construído ao redor de seus corpos, contribuindo assim para alimentar a mitologia do cinema italiano daqueles anos. 

     Para ''roubar deste objeto-mulher algo de sua intimidade'', a fotógrafa só precisava de ''um olhar, um sorriso, um gesto'', talvez uma flor ou o fundo do céu, tamanho era o seu desejo de resgatar um pouco de sua essência.

     Em seu currículo, Chiara tem mais de 165 mil fotos de celebridades, retratadas em todo o mundo. Ela já trabalhou em Hollywood, na Espanha, Rússia, Japão, e foi hóspede do Xá da Pérsia e do produtor hollywoodiano Joe Pasternak.

      Depois de viver em Roma durante vários anos, se mudou para Nice, onde atualmente cuida de seu ateliê na Rue Droite, a rua dos artistas. É cidadã honorária da França e em 2003 foi premiada com o título de Cavaliere daell Repubblica Italiana

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