quinta-feira, 28 de junho de 2012

Museu da comida da “mamma”

 Casa Artusi é o um belo centro de cultura gastronômica dedicado à cozinha caseira da Itália

Por Nana Caetano, de Forlimpopoli, especial para o iG -Casa Artusi é o um belo centro de cultura gastronômica dedicado à cozinha caseira da Itália

Forlimpopoli é bem fora da rota do turismo clássico. Na Emilia-Romana, entre Bolonha e Rimini, seria provavelmente apenas um ponto no da Toscana para o Mar Adriático. Mas é muito mais que isso para o viajante que gosta de comida. Há quatro anos, foi aberto ali um centro cultural dedicado à cozinha doméstica italiana, uma homenagem a Pellegrino Artusi (1820-1911), nascido na cidade e autor do primeiro e até hoje mais importante receituário italiano, a A Ciência na Cozinha e a Arte de Comer Bem, que compila 790 receitas de todas as regiões do país.

Além do valor inestimável da coleção, o livro é importante porque Artusi estabelecia uma comunicação com as donas de casa italianas enquanto publicava suas receitas. Via troca de cartas, ele antecipou o que aconteceria um século mais tarde nos blogs de receitas e nas redes sociais: testes, comentários, críticas pessoais a seus textos. E, num país onde a cultura gastronômica passa necessariamente pela mamma, esse tipo de receita e de troca ganha ainda mais importância (se fosse na França dos supercozinheiros, por exemplo, a história seria outra).

O centro cultural é um complexo de 2 800 metros quadrados que reúne bibliotecas (de manuscritos originais da época de Artusi a diversos livros atuais sobre gastronomia, num total de 45 000 volumes); escola de cozinha (Massimo Bottura é um dos chefs que já ensinou por lá); além de enoteca, espaço de eventos e livraria. Entre o comitê de cientistas que organiza a casa e referenda as pesquisas realizadas ali, estão Massimo Montanari e Alberto Capatti, dois dos principais pensadores da alimentação na Itália. Há também um restaurante onde se servem receitas artusianas tal e qual publicadas no livro. O ravioli all uso romagna, por exemplo, é uma massa com bastante parmesão que lembra o nhoque, mas é feito sem batata.Veja receita

No fim de junho, durante nove dias, o centro cultural expande seus domínios por todas as ruas da cidade, de apenas 10 000 habitantes. O evento, chamado Festa Artusiana, transforma a vila no que eles chamam de ?cittàs da assagiare? (cidade de provar). Acontecem lançamentos de livros, palestras e uma exposição com o melhor do território. E a Emilia-Romana é a terra da piadina, da mortadela, do presunto, do parmesão, da massa ao ovo...

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