terça-feira, 16 de outubro de 2012

Itália enfrenta sua "segunda tangentopoli"

A ministra da Justiça, Paola Severino, alertou que os atuais escândalos de corrupção política em várias regiões do país são "uma segunda tangentopoli" (termo cunhado para descrever a corrupção generalizada no sistema político italiano exposto entre 1992-6 nas investigações 'Mani pulite', bem como o escândalo resultante, que levou ao colapso da até então dominante Democracia Cristã e seus aliados), mas ainda pior do que a provocada na década de 90 pela campanha judicial das "Mãos Limpas". "A comparação é inevitável. O número de casos que veem à tona e estão sob os nossos olhos torna isso evidente ", observou a ministra em uma entrevista na TV.

      A enxurrada de novos casos que vieram à tona nas últimas semanas leva o país a falar de uma nova operação "Mani pulite", a campanha judicial contra a corrupção que estourou na década de 90 do século passado.

      No entanto, para Severino, existem "algumas diferenças" em relação à de 1992 e que, em suma, a situação pior é a atual porque, em sua opinião, trata-se de uma série de casos extremamente graves e difusos de corrupção que se inserem em um quadro de grande fraqueza política e em um contexto de grandes necessidades do país, que tornam esses eventos ainda mais graves.

      "Lucrar ilegalmente com o dinheiro público é sempre algo muito sério, concluiu, mas lucrar ilegalmente com o dinheiro público enquanto se pedem sacrifícios aos  cidadãos, é algo de uma gravidade sem precedentes".

      Agora, o centro do escândalo é a região da Lombardia, onde 14 membros do Conselho Regional (órgão legislativo) e da Junta Regional (órgão executivo integrado por conselheiros) foram presos ou estão sendo investigados pela Justiça. 

      O caso começou com Domenico Zambetti, conselheiro regional e membro do Povo da Liberdade (PDL, o partido do ex-premier Silvio Berlusconi), acusado de ter comprado 4 mil votos de representantes de diferentes grupos da 'Ndrangheta (a máfia calabresa) residentes na Lombardia. 

      Por ocasião das eleições de 2010, ele pagou € 50 a cada um dos membros. Para alcançar esse resultado, Zambetti teria dado aos clãs mafiosos cerca de € 200 mil.

      O Ministério Público que há poucos dias ordenou sua prisão, fez uso de escutas telefônicas e ambientais. Nas eleições de 2010, Zambetti conseguiu mais de 11 mil votos, tornando-se um dos conselheiros regionais mais votados. 

      Com uma manobra que surpreendeu, a Liga Norte e principal aliada do PDL nessa região do norte do país, forçou a renúncia de todos os seus conselheiros. 


www.ansa.it/www.italianos.it

Nenhum comentário: