Para médicos italianos, a saúde dos menores imigrantes no país é
precária, sobretudo, no primeiro ano de vida. Por conseqüência de
dificuldades econômicas e de tradição, mantida pelos pais, muitos
crianças sofrem de má nutrição
A saúde das crianças estrangeiras na Itália, em torno de um milhão e em
crescimento num ritmo de cerca de 10% ao ano, foi um dos principais
temas discutidos no Congresso Bienal “Milanopediatria”, encerrado no
domingo (18) na capital da Lombardia. O presidente da conferência,
Marcello Giovvannini, histórico nome da pediatria milanesa, apresentou
um quadro bastante dramático sobre a saúde dos menores, entre os quais
crianças nascidas nos países de origem e que imigraram com seus
genitores, nascidas na Itália de pais regulares ou irregulares e ainda
àquelas que chegaram ao país sem acompanhamento ou que foram adotadas.
“Verifica-se entre as crianças estrangeiras um incremento de quadros
patológicos específicos, relacionados a uma condição de pobreza e de
indigência que, com freqüência, ocorre nas fases iniciais do fenômeno
migratório. Por problemas econômicos, as mães optam exclusivamente pelo
aleitamento até ou além do primeiro ano de vida da criança, mas a
alimentação apenas com leite materno e por longo tempo não satisfaz as
exigências nutricionais de um bebê. Pelas mesmas razões, outras mães
aleitam pouco tempo e passam a alimentar os filhos com leite de vaca
esterilizado e de longa conservação, sem integrações com frutas,
verduras e carne”, sintetizou Giovvannini.
Os erros alimentares das crianças estrangeiras, derivadas em parte das
tradições próprias mas principalmente de situações de dificuldades
econômicas e sociais, de acordo com o pediatra, favoreceram quadros de
carência como o retardo do crescimento, o raquitismo, a anemia por
privação de ferro, síndromes de má absorção e manifestações alérgicas”.
“Em uma sociedade multiétnica como a atual, onde cada dia defrontamos
com outras culturas, algumas profundamente diferentes da nossa, é
importante apreender a conhecer e ter consciência das diferentes
tradições. É fundamental aumentar o conhecimento e os níveis de alerta
sobre patologias emergentes para estabelecer um caminho que permita a
prescrição de tratamentos adequados”, disse o presidente do
“Milanopediatria”.
Para entender e dar respostas específicas aos diversos casos, informou
Giovannini, a clínica pediátrica do hospital São Paulo de Milão está
desenvolvendo dois projetos voltados às crianças estrangeiras, em
estreita colaboração com o Grupo Nacional de Trabalho para as Crianças
Imigradas, coordenado pela Sociedade Italiana de Pediatria”. Além disso,
recordou o médico, “desde de 2000, o Centro de Saúde e Aconselhamento
presta assistência à mulher imigrada e ao seu filho. “O objetivo é
criar uma rede de especialistas - ginecológicos, psicólogos, pediatras e
mediadores culturais – que possa assistir e ajudar a mulher no primeiro
ano de vida do seu filho”, informou Giovannini, acrescentando que o
ambulatório realiza cerca de 500 de consultas pediátricas por ano.
www.agoranoticias.net
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