Projeto prevê que condenados não possam se candidatar.
Compra de votos, porém, só será crime se for feita com dinheiro.
Depois de muita controvérsia, o parlamento italiano aprovou nesta
quarta-feira (31) uma lei que prevê que condenados por máfia ou crime de
corrupção não possam se candidatar a cargos públicos.
Na Itália, a corrupção custa caro aos cofres do estado: 60 bilhões de
euros por ano, segundo o Ministério da Justiça. Se diminuísse pela
metade o prejuízo, o salário dos funcionários públicos poderia subir 4%,
e algumas categorias de empresa poderiam crescer 20%.
Estimativas do Banco Mundial alertam que o investidor estrangeiro que
quer entrar na Itália precisa pagar uma taxa "por fora" de 20%, o que
desencoraja os investimentos. No dossiê anual global Corruption
Barometer, da agência Transparência Internacional, que relaciona os
países mais corretos do mundo, a Itália ocupa o 69º lugar entre 180.
Muito perto do Brasil, que está na posição 73.
Nova Zelândia e Dinamarca são os mais honestos, e Somália e Coreia do
Norte, os menos. De acordo com um dossiê da Liga do Ambiente, 12% da
população italiana receberam, no ano passado, uma proposta de propina. A
média europeia é de 8%.
Na opinião de estudiosos, a corrupção de hoje supera até a do Império
Romano. Na Antiguidade, enquanto a política ficava dentro dos palácios,
os corruptores estavam do lado de fora, pedindo favores. Em troca,
ofereciam produtos agrícolas e de fabricação caseira.
A cesta de ovos é uma imagem que entrou para a história da Roma antiga, como símbolo de prevaricação. O cliente, palavra que nasceu aqui, buscava votos em troca de proteção. Criou-se o conceito de clientelismo, que ainda sobrevive. Hoje, a corrupção está dentro dos palácios, na base da política. Os corruptores assumiram os cargos públicos e alargaram o sistema de favoritismos.
A cesta de ovos é uma imagem que entrou para a história da Roma antiga, como símbolo de prevaricação. O cliente, palavra que nasceu aqui, buscava votos em troca de proteção. Criou-se o conceito de clientelismo, que ainda sobrevive. Hoje, a corrupção está dentro dos palácios, na base da política. Os corruptores assumiram os cargos públicos e alargaram o sistema de favoritismos.
Com a lei, funcionários públicos serão impedidos de pedir ou receber
presentes. Cursos de ética e legalidade serão implantados e as obras e
concorrências públicas deverão ir para um banco de dados online, aberto
aos cidadãos.
A lei anticorrupção, no entanto, não está agradando a todos. A compra
de votos só será crime se for feita com dinheiro. Favores em troca de
voto, como a cesta de ovos da Roma antiga, continuarão impunes.
http://g1.globo.com
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