"Conceder a cidadania aos filhos de imigrantes ajudaria a diminuir o fenômeno", diz jornalista paquistano
Os casamentos forçados são também um problema italiano, já que a
migração trouxe ao país culturas onde existe a tradição de que as
famílias decidam com quem seus filhos devem se casar, muitas vezes,
quando eles ainda são crianças.
Desta forma, existem moças e rapazes, imigrantes de"segunda geração",
que depois de terem frequentado a escola na Itália são mandados de volta
ao país de origem dos pais para se casarem com uma pessoa que eles nem
sequer conhecem. Ou então jovens que só percebem terem se casado contra a
própria vontade quando chegam na Itália e aprendem que há uma forma
diferente de formar uma família.
Histórias como essas chegam com frequência cada vez maior às agências
do sindicato UIL, que organizou o seminário “Questo matrimonio non s’ha
da fare” (“Este casamento não deve ser feito”), no dia 3 de dezembo, em
Roma.
"Na Itália não temos controle da situação, não há um censo nacional, e
só se fala sobre a questão quando acontece um episódio dramático.
Trata-se de uma realidade que deve ser investigada e que requer a devida
atenção", afirma Rossella Giangrazi, secretária regional da UIL,
responsável pela por assuntos relaciondos à Igualdade de Oportunidades.
No decorrer do encontro, foram apresentadas as experiências de seis
mulheres e três homens, provenientes de países onde o casamento é
tradicionalmente combinado pelas famílias: Paquistão, Bangladesh, Irã,
Etiópia, Eritreia, Mali, Jordânia e Líbano.
"A idéia de aprofundar o conhecimento sobre este fenômeno veio do
contato direto que temos com mulheres estrangeiras que vivem em Roma,
provenientes de países onde a prática de casamentos arranjados é comum.
Na verdade, acreditamos que compreeder esta realidade possa ajudar a
integração real, principalmente das futuras gerações ", diz Pilar
Salavia, do Departamento de Políticas de Imigração do UIL.
"As histórias de mulheres que se submeteram a um casamento forçado são
as mais violentas. Em geral, pode-se dizer que o fenômeno do casamento
obrigado tem raízes profundas e não cessam com a imigração, ainda que o
nível de instrução influencie. Naturalmente, quem se opõem à
contaminação de suas famílias é porque teme o que é diverso e procura
fechar-se nas próprias tradições, em vez de se abrir ao que é novo”,
afirma Salavia.
"Os números reais não são conhecidos e os dados fornecidos pelos meios
de comunicação são superficiais, mas isso não significa que o fenômeno
não exista ou não esteja crescendo", afirma Ejaz Ahmad, editor do jornal
Azad, dirigido à comunidade paquistanesa na Itália.
"Com certeza, conceder a cidadania italiana aos filhos de imigrantes
nascidos na Itália resolveria grande parte do problema dos casamentos
forçados. As moças obrigadas a se casarem no país de origem de suas
famílias poderiam pedir ajuda à Embaixada italiana presente nestas
nações. Mas não é só isso: assim como essa prática ocorre geralmente com
crianças em idade escolar, é preciso aumentar a atenção e monitorar os
casos suspeitos. Outra medida importante seria a criação de serviços de
antendimento a jovens em dificuldades familiares, realizados por
psicólogos e pessoal qualificado”, sugere Ahmad.
www.agoranoticias.com
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