Centro-esquerda conquistou Câmara, mas Senado ficou dividido.
Situação preocupa mercados e pode levar a nova votação.
O Ministério do Interior da Itália
confirmou nesta segunda-feira (25), com 99,9% dos votos contados na
eleição parlamentar, que a centro-esquerda liderada por Pier Luigi
Bersani conquistou o controle da Câmara, mas o Senado ficou dividido,
confirmando o impasse político no país em crise financeira.
Após a contagem da quase totalidade dos votos, a centro-esquerda
conseguiu uma vantagem de 125 mil votos na Câmara. Mas, no Senado, a
centro-esquerda não conseguiu formar maioria.
Como ambas as Casas são necessárias para aprovar leis, a
centro-esquerda vai precisar do apoio do Movimento Cinco Estrelas, do
humorista Beppe Grippo, ou da centro-direita do ex-premiê Silvio Berlusconi, o que não é provável.
Se as forças políticas não conseguirem um acordo, uma nova eleição terá de ser convocada.
Tensão
O resultado gerou tensão nos mercados, pois é o oposto do resultado estável do qual a Itália precisa desesperadamente para combater a recessão, o desemprego e a dívida pública.
O resultado gerou tensão nos mercados, pois é o oposto do resultado estável do qual a Itália precisa desesperadamente para combater a recessão, o desemprego e a dívida pública.
Os mercados da Itália, terceira maior economia da zona do euro,
pareceram assustados com o andamento da apuração, depois de inicialmente
subirem com a esperança de que um governo sólido de centro-esquerda se
formasse, provavelmente com o apoio do atual premiê demissionário, o
tecnocrata Mario Monti.
Monti disse que todos os partidos têm a responsabilidade de garantir
que um novo governo seja formado após as eleições inconclusivas.
Votos são contados nesta segunda-feira (25) em Roma, na Itália (Foto: AFP)
O grande nome da eleição, realizada domingo e segunda-feira, acabou
sendo o comediante genovês Grillo, líder do populista Movimento 5
Estrelas, que estreou numa campanha eleitoral nacional fazendo discursos
cheios de xingamentos à desacreditada classe política tradicional.
Com promessas eleitorais vagas e candidatos quase desconhecidos, o ator canalizou a irritação popular contra o sistema político, visto por muitos como inútil e esclerosado.
O resultado das urnas é também um "tapa na cara do" anódino líder
centro-esquerdista Bersani, que parece ter deixado escapar uma vantagem
de dez pontos percentuais sobre a centro-direita que as pesquisas lhe
atribuíam há menos de dois meses.
Bersani estimou nesta segunda-feira que o país enfrenta uma "situação muito delicada" após os inesperados resultados.
"A esquerda conquistou a Câmara de Deputados e, por número de votos, o
Senado. É evidente que o país atravessa uma situação muito delicada",
declarou, após destacar que devido ao complexo sistema eleitoral sua
coalizão não tem a maioria no Senado, o que ameaça a governabilidade.
Economia
A acirrada campanha eleitoral italiana, travada principalmente em torno de temas econômicos, deixou alguns investidores temerosos com um reinício da crise da dívida que em 2011 deixou toda a zona do euro à beira de um desastre, e que levou à substituição de Berlusconi por Monti.
A acirrada campanha eleitoral italiana, travada principalmente em torno de temas econômicos, deixou alguns investidores temerosos com um reinício da crise da dívida que em 2011 deixou toda a zona do euro à beira de um desastre, e que levou à substituição de Berlusconi por Monti.
Os resultados indicam que mais de metade dos italianos votou nas plataformas antieuro de Berlusconi e Grillo.
Dirigentes de centro e de esquerda alertaram que o iminente impasse
pode tornar a Itália ingovernável,
exigindo a realização de novas
eleições.
No entanto, o vice-líder do Partido Democrático (PD), de
centro-esquerda, rejeitou discussões sobre novas eleições e disse que
sua coalizão terá a responsabilidade de tentar formar um governo, apesar
do impasse no Senado.
"Quem quer seja, terá a responsabilidade de fazer as primeiras
propostas para o chefe de Estado", disse ele.
Depois da contagem final
dos votos, o presidente italiano, Giorgio Napolitano, terá a tarefa de
nomear alguém para tentar formar um governo.
Letta descartou uma nova eleição, dizendo que "voltar à votação imediatamente não parece hoje ser a melhor opção a seguir".
Um governo da centro-esquerda, sozinha ou em aliança com Monti, era
visto pelos investidores como a melhor garantia de medidas que combatam a
corrupção e a estagnação econômica.
Os primeiros resultados causaram pessimismo entre os investidores. O
ágio entre os títulos italianos com vencimento em dez anos e os papéis
alemães que balizam o mercado subiram de menos de 260 pontos-base para
mais de 300, e o índice das Bolsas italianas recuou de modo a anular os
ganhos dos últimos dias.
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