domingo, 28 de abril de 2013

Primeiro-ministro italiano toma posse após dois meses de impasse político

Governo de Enrico Letta contará com membros dos principais partidos.
Posse foi marcada por tiroteio em frente à sede do governo.

Do G1, em São Paulo

 

Enrico Letta toca o sino de prata e abre oficialmente a primeira reunião de seu gabinete (Foto: Reuters/Giampiero Sposito) 
Enrico Letta toca o sino de prata e abre oficialmente a primeira reunião de seu gabinete
 (Foto: Reuters/Giampiero Sposito)
 
O tiroteio que deixou pelo menos dois policiais feridos em Roma manteve a tensão em um momento que deveria encerrar a crise política italiana. Neste domingo (28), o novo primeiro-ministro Enrico Letta fez seu juramento de posse, acompanhado por uma equipe escolhida depois de muita negociação.

O impasse no sistema parlamentarista italiano começou em fevereiro, quando nenhum dos partidos atingiu a maioria necessária para governar. Ao longo de dois meses, os partidos tentaram se organizar para formar o novo gabinete, mas as negociações foram duras.

A solução encontrada foi reeleger o presidente Giorgio Napolitano, de 87 anos, para mais um mandato – o mandato de presidente dura sete anos. A função do político seria mediar a escolha do novo gabinete, o que resultou na escolha de Enrico Letta como primeiro-ministro.

Letta, de 46 anos, era vice-secretário do Partido Democrata (PD), moderado de esquerda. Em sua coalizão, aceitou também membros do partido Povo da Liberdade (PDL), de direita, ao qual pertence o influente magnata Silvio Berlusconi, e da Escolha Cívica, de centro, do ex-primeiro-ministro Mario Monti, que anunciou sua renúncia no fim de 2012.

Os 21 ministros escolhidos por Letta formam uma equipe que, segundo a agência Efe, foi considerada renovadora na Itália. Isso porque os nomes apontado não são mais as “grandes personalidades” dos principais partidos, e a idade média de 53 anos indica que é uma nova geração que chega ao poder.

Além disso, o governo contará com sete ministras, o que estabelece um novo recorde de participação feminina no país, segundo o próprio Letta fez questão de destacar quando apresentou o gabinete, no sábado. Entre elas, se destaca a figura da ministra da integração Cécile Kyenge, que nasceu na República Democrática do Congo, mas tem cidadania italiana, e será a primeira negra a integrar o governo do país.


Cécile Kyenge, ministra da integração italiana (Foto: Filippo Monteforte/AFP) 
Cécile Kyenge, ministra da integração italiana (Foto: Filippo Monteforte/AFP)
 
 
Menino prodígio
Enrico Letta, o subsecretário do Partido Democrático (esquerda) que tomou posse neste domingo à frente do novo governo da Itália, é considerado o menino prodígio da política italiana, com uma longa experiência nos últimos governos de centro-esquerda.

Letta, de 46 anos, provém da finada Democracia Cristã, foi três vezes ministro e é, acima de tudo, uma das personalidades mais jovens do panorama italiano.

De origem toscana, nascido em Pisa no dia 20 de agosto de 1966, Letta conta com uma boa experiência na gestão de um Executivo não apenas como ministro, mas também por ter sido subsecretário de Estado durante o governo de centro-esquerda de Romano Prodi (2006-2008).

De 2009 a 2013 foi subsecretário do maior grupo de esquerda do país, o PD, partido vencedor parcial das eleições legislativas do fim de fevereiro. É conhecido por sua prudência e por manter boas relações com todos os grupos políticos.

Formado em Ciência Política na Universidade de Pisa, especializado em Direito da Comunidade Europeia, foi presidente dos jovens democrata-cristãos europeus de 1991 a 1995, depois entrou no Partido Popular Italiano como vice-secretário e posteriormente chegou a ser responsável por economia do grupo moderado católico La Margarita.

Em 2004 se apresentou para o Parlamento Europeu com a coalizão de centro-esquerda El Olivo, antes de entrar em 2007 no PD.

Sobrinho de Gianni Letta, que é homem de confiança do magnata das comunicações Silvio Berlusconi, representa os setores católicos de seu partido, à beira da implosão por suas divisões após a vitória parcial nas eleições do fim de fevereiro.

Seu governo deverá gozar do apoio do partido de Berlusconi, que adiantou que o maior grupo de direita que lidera, o Povo da Liberdade, lhe concederá a confiança no Parlamento.

Candidato para a direção do PD nas primárias de 2007, Letta perdeu para Walter Veltroni, ex-prefeito de Roma e líder histórico da esquerda.

Casado e pai de três filhos, é muito prudente diante das reformas, entre elas a do aborto e do casamento homossexual. Autor de vários livros, é considerado um católico moderado.

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