Bife à milanesa não veio de Milão. É invenção dos
brasileiros, segundo livro de Maria Lecticia
Cavalcanti (Foto: Ingrid Bico/G1)
O bife à milanesa não foi inventado em Milão, na Itália. O arroz
piamontês também não tem origem na região italiana de Piemonte. O arroz à
grega nunca existiu na Grécia, assim como o arroz de Braga não é
receita portuguesa, nem o bife à parmegiana foi criado em Parma. A
batata inglesa é norte-americana. O pão francês é do Brasil. A lista é
quase infindável: essas e outras curiosidades de receitas comuns na mesa
dos brasileiros foram desvendas no livro "Esses Pratos Maravilhosos e
Seus Nomes Esquisitos", da pernambucana Maria Lecticia Cavalcanti, que
já está nas livrarias.
Conhecida por ser especialista na obra freyriana e na gastronomia de Pernambuco, tendo escrito o livro "Gilberto Freyre e as Aventuras do Paladar", Maria Lecticia agora ampliou o foco, buscando também receitas internacionais que caíram no gosto dos brasileiros. A curiosidade de leitores da coluna que mantém semanalmente em um jornal local, desde 2004, foi o pontapé para a pesquisa. "Tinha gente que me perguntava: por que o nome cachorro quente? E crepe suzette? Eu também tinha curiosidade sobre isso. Então, fui escrevendo artigos e, com o tempo, eu tinha um acervo imenso e completei", explicou.
Conhecida por ser especialista na obra freyriana e na gastronomia de Pernambuco, tendo escrito o livro "Gilberto Freyre e as Aventuras do Paladar", Maria Lecticia agora ampliou o foco, buscando também receitas internacionais que caíram no gosto dos brasileiros. A curiosidade de leitores da coluna que mantém semanalmente em um jornal local, desde 2004, foi o pontapé para a pesquisa. "Tinha gente que me perguntava: por que o nome cachorro quente? E crepe suzette? Eu também tinha curiosidade sobre isso. Então, fui escrevendo artigos e, com o tempo, eu tinha um acervo imenso e completei", explicou.
Maria Lecticia se aventurou na descoberta das origens
de pratos famosos no Brasil. (Foto: Acervo pessoal)
O livro foi lançado em dezembro passado, pela editora da Fundação
Gilberto Freyre. Roberto DaMatta, antropólogo e Ph.D pela universidade
de Harvard, escreveu o prefácio. A autora explica as origens,
ingredientes e modos de preparo de 72 receitas famosas, divididas nos
capítulos "Entradas", "Pratos e acompanhamentos", "Pães e sanduíches",
"Molhos" e "Sobremesas". Cada uma delas traz informações de quem os
criou, quais os significados dos seus nomes, entre outras curiosidades.
Há também a preocupação em traçar paralelos culturais e sociológicos,
baseados, inclusive, em fatos históricos mundiais.
Maria Lecticia priorizou receitas que não nasceram no Brasil, mas foram incorporadas à gastronomia local e o povo desconhece a história delas. Por isso, ela descreve também as adaptações ocorridas nas receitas originais, traçando algumas reflexões sobre as trocas culturais envolvidas no processo. "O bolo de rolo, por exemplo, vem do bolo colchão de noiva português, onde as amêndoas foram trocadas pela goiaba, que eram mais fácies de serem encontradas por aqui. Isso é muito brasileiro, dar a nossa cara ao que vem de fora", comentou.
Maria Lecticia priorizou receitas que não nasceram no Brasil, mas foram incorporadas à gastronomia local e o povo desconhece a história delas. Por isso, ela descreve também as adaptações ocorridas nas receitas originais, traçando algumas reflexões sobre as trocas culturais envolvidas no processo. "O bolo de rolo, por exemplo, vem do bolo colchão de noiva português, onde as amêndoas foram trocadas pela goiaba, que eram mais fácies de serem encontradas por aqui. Isso é muito brasileiro, dar a nossa cara ao que vem de fora", comentou.
Tradicional Bolo de Rolo foi adaptação de uma
receita portuguesa (Foto: Reprodução/GloboNews)
Outra história que a escritora gosta de contar é a do bolo Sousa Leão.
"Ele foi criado por uma dona de engenho, Rita de Cássia Sousa Leão
Bezerra Cavalcanti, em Pernambuco, que disse certa vez que não entraria
nada de Portugal na casa dela. Então, começou a usar uma manteiga
fabricada no próprio engenho e trocou a farinha de trigo pela massa da
mandioca. É um exemplo de resistência à dominação portuguesa", contou.
Ao final de cada explicação sobre cada prato e o porquê da, digamos,
"genealogia" deles, há uma receita com os ingredientes e os modos de
preparo originais descritos. O livro de Maria Lecticia Cavalcanti,
recém-empossada na cadeira de número 23 da Academia Pernambucana de
Letras, tem 302 páginas e está sendo vendido a R$ 80.
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