João Paulo II e João XXIII serão canonizados no próximo domingo (27) (foto: ANSA)
SÃO PAULO•Beatriz Farrugia
Considerado um dos líderes mais populares da Igreja
Católica, a canonização de João Paulo II já se prenunciava como um
evento de grandes proporções. Mas a missa do próximo domingo (27), em
Roma, promete entrar para a história por outros motivos: será a primeira
canonização conjunta de dois Pontífices e contará, possivelmente, com a
presença de dois Papas vivos.
Em setembro do ano passado, o papa Francisco anunciou que João XXIII (cujo pontificado foi de 1958 a 1963) e João Paulo II (1978-2005) seriam canonizados juntos, em uma cerimônia solene na Praça São Pedro, no Vaticano. "Não é uma coincidência a escolha da canonização conjunta. João XXIII deu início a um fio condutor, que passou por João Paulo II e vai até Francisco", disse a vaticanista italiana Myriam Castelli, autora de vários livros sobre a Igreja Católica, entre eles "O Santo Padre: João Paulo II".
Em entrevista à ANSA, a especialista destacou a simplicidade e as constantes quebras de protocolo como os pontos em comum entre João XXIII e João Paulo II, tendências também empregadas por Francisco. "João XXII, que ganhou o apelido de 'O Papa Bom', era muito simples. Parava para conversar pessoalmente com as pessoas, tentando tirar aquela 'pompa' que existia em torno da figura do Papa", comentou Castelli. "E João Paulo II ficou mundialmente conhecido por seu carisma e proximidade".
Castelli, que passou anos analisando os discursos do Papa polonês, contou que não raramente João Paulo II usava roupas esburacadas, "fugia" do assédio da imprensa para esquiar e, todas as noites, "parava diante da janela do seu quarto para dar a benção a Roma antes de dormir".
Para o arcebispo de Aparecida e presidente da Confederação dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Raymundo Damasceno Assis, a simplicidade esbanjada durante os 27 anos de pontificado fez com que o povo brasileiro se apaixonasse por João Paulo II. "A relação entre João Paulo II e o Brasil foi recíproca, de muito apreço e afeto. Isso se manifesta por várias razões: ele fez quatro viagens ao país, aprendeu a falar português, interessava-se pela cultura e chegou até a comentar que, 'se Deus fosse brasileiro, ele [o Papa] seria carioca'", afirmou o cardeal, em conversa com a ANSA.
"Ele apreciava o café brasileiro, o qual eu sempre levava um pouco quando ia ao Vaticano. Também gostava muito de papaia. São coisas simples, singelas, mas que denotam esse apreço do Papa com o Brasil", disse.
Mas Damasceno, no entanto, acredita que Francisco é mais parecido com João XXIII que com João Paulo II. "Bergoglio traz um pouco desse jeito de governar, muito simples, muito informal, muito direto. Lembra o estilo de João XXIII".
Brasil em Roma
A Prefeitura de Roma acredita que milhões de peregrinos estarão na cidade para acompanhar de perto a cerimônia de canonização dos dois Papas, entre eles centenas de brasileiros, a maioria motivada pelo carisma de Wojtyla.
"Estou indo para Roma pela fé que tenho na Igreja e por João Paulo II, pois acompanhei todas as Jornadas Mundiais da Juventude e suas visitas ao Brasil", relatou a bancária Brígida Ferreira de Azevedo, de 52 anos.
O jovem Guilherme Santos Montes, de 18 anos, também estará em Roma. "João Paulo II tinha um amor muito grande pela juventude.É dela o futuro do mundo, mas, infelizmente a juventude tem sido deixada de lado. João Paulo II era, de fato, o Papa dos jovens e até hoje me motiva a também caminhar nestes passos".
Por sua vez, o advogado e escritor José Luís Araújo Lira, de 40 anos, já assistiu a várias cerimônias de beatificação, mas a de domingo será sua estréia em canonizações. "Sempre fui fascinado pelas figuras de João Paulo II e de João XXIII. O primeiro foi o Papa de minha geração, que nasceu nos primeiros anos da década de 1970. E o 'Papa Bom 'é a figura de um avô que todos queriam ter", refletiu.
Apesar da CNBB não ter uma estimativa oficial sobre o público brasileiro, a companhia de viagens CVC vendeu mais de 100 pacotes para fiéis acompanharem o evento na capital italiana.
Para o diretor da agência especializada em excursões religiosas Catedral Viagens, Claudemir de Carvalho, o alto preço de hotéis e passagem, no entanto, pode ter desestimulado boa parte de brasileiros que gostariam de ir à Itália para a missa. De acordo com um balanço feito pelo site de reservas Trivago, o valor médio para hospedagem em Roma no próximo fim de semana está em R$ 901, aproximadamente 63% mais caro que em 2013.
Cerimônia de canonização
A missa oficial para a canonização de Karol Wojtyla e Angelo Roncalli começará às 10h de Roma (5h no horário de Brasília). A celebração será presidida pelo papa Francisco, com auxílio de 150 cardeais, mil bispos e 6 mil sacerdotes.
Delegações de mais de 90 países e 24 chefes de Estado e de Governo estarão no Vaticano para a cerimônia. Uma das participações mais aguardadas, porém ainda não confirmada, é a do papa emérito Bento XVI, antecessor de Francisco.
http://www.papafrancesconewsapp.com/por/ (ANSA)
www.ansabrasil.com.br
Em setembro do ano passado, o papa Francisco anunciou que João XXIII (cujo pontificado foi de 1958 a 1963) e João Paulo II (1978-2005) seriam canonizados juntos, em uma cerimônia solene na Praça São Pedro, no Vaticano. "Não é uma coincidência a escolha da canonização conjunta. João XXIII deu início a um fio condutor, que passou por João Paulo II e vai até Francisco", disse a vaticanista italiana Myriam Castelli, autora de vários livros sobre a Igreja Católica, entre eles "O Santo Padre: João Paulo II".
Em entrevista à ANSA, a especialista destacou a simplicidade e as constantes quebras de protocolo como os pontos em comum entre João XXIII e João Paulo II, tendências também empregadas por Francisco. "João XXII, que ganhou o apelido de 'O Papa Bom', era muito simples. Parava para conversar pessoalmente com as pessoas, tentando tirar aquela 'pompa' que existia em torno da figura do Papa", comentou Castelli. "E João Paulo II ficou mundialmente conhecido por seu carisma e proximidade".
Castelli, que passou anos analisando os discursos do Papa polonês, contou que não raramente João Paulo II usava roupas esburacadas, "fugia" do assédio da imprensa para esquiar e, todas as noites, "parava diante da janela do seu quarto para dar a benção a Roma antes de dormir".
Para o arcebispo de Aparecida e presidente da Confederação dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Raymundo Damasceno Assis, a simplicidade esbanjada durante os 27 anos de pontificado fez com que o povo brasileiro se apaixonasse por João Paulo II. "A relação entre João Paulo II e o Brasil foi recíproca, de muito apreço e afeto. Isso se manifesta por várias razões: ele fez quatro viagens ao país, aprendeu a falar português, interessava-se pela cultura e chegou até a comentar que, 'se Deus fosse brasileiro, ele [o Papa] seria carioca'", afirmou o cardeal, em conversa com a ANSA.
"Ele apreciava o café brasileiro, o qual eu sempre levava um pouco quando ia ao Vaticano. Também gostava muito de papaia. São coisas simples, singelas, mas que denotam esse apreço do Papa com o Brasil", disse.
Mas Damasceno, no entanto, acredita que Francisco é mais parecido com João XXIII que com João Paulo II. "Bergoglio traz um pouco desse jeito de governar, muito simples, muito informal, muito direto. Lembra o estilo de João XXIII".
Brasil em Roma
A Prefeitura de Roma acredita que milhões de peregrinos estarão na cidade para acompanhar de perto a cerimônia de canonização dos dois Papas, entre eles centenas de brasileiros, a maioria motivada pelo carisma de Wojtyla.
"Estou indo para Roma pela fé que tenho na Igreja e por João Paulo II, pois acompanhei todas as Jornadas Mundiais da Juventude e suas visitas ao Brasil", relatou a bancária Brígida Ferreira de Azevedo, de 52 anos.
O jovem Guilherme Santos Montes, de 18 anos, também estará em Roma. "João Paulo II tinha um amor muito grande pela juventude.É dela o futuro do mundo, mas, infelizmente a juventude tem sido deixada de lado. João Paulo II era, de fato, o Papa dos jovens e até hoje me motiva a também caminhar nestes passos".
Por sua vez, o advogado e escritor José Luís Araújo Lira, de 40 anos, já assistiu a várias cerimônias de beatificação, mas a de domingo será sua estréia em canonizações. "Sempre fui fascinado pelas figuras de João Paulo II e de João XXIII. O primeiro foi o Papa de minha geração, que nasceu nos primeiros anos da década de 1970. E o 'Papa Bom 'é a figura de um avô que todos queriam ter", refletiu.
Apesar da CNBB não ter uma estimativa oficial sobre o público brasileiro, a companhia de viagens CVC vendeu mais de 100 pacotes para fiéis acompanharem o evento na capital italiana.
Para o diretor da agência especializada em excursões religiosas Catedral Viagens, Claudemir de Carvalho, o alto preço de hotéis e passagem, no entanto, pode ter desestimulado boa parte de brasileiros que gostariam de ir à Itália para a missa. De acordo com um balanço feito pelo site de reservas Trivago, o valor médio para hospedagem em Roma no próximo fim de semana está em R$ 901, aproximadamente 63% mais caro que em 2013.
Cerimônia de canonização
A missa oficial para a canonização de Karol Wojtyla e Angelo Roncalli começará às 10h de Roma (5h no horário de Brasília). A celebração será presidida pelo papa Francisco, com auxílio de 150 cardeais, mil bispos e 6 mil sacerdotes.
Delegações de mais de 90 países e 24 chefes de Estado e de Governo estarão no Vaticano para a cerimônia. Uma das participações mais aguardadas, porém ainda não confirmada, é a do papa emérito Bento XVI, antecessor de Francisco.
http://www.papafrancesconewsapp.com/por/ (ANSA)
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