quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Comandante do Costa Concordia é condenado a 16 anos de prisão

Francesco Schettino, ex-comandante do navio Costa Concordia, foi condenado nesta quarta-feira (11) a 16 anos de prisão por causa do naufrágio do cruzeiro no qual morreram 32 pessoas, em janeiro de 2012.
De acordo com a agência AFP, ele foi condenado por homicídio culposo múltiplo e por abandono do navio pelo tribunal de Grosseto, na Itália. No entanto, ainda é incerto se ele de fato irá para a cadeia antes da conclusão do longo processo de apelação na Itália, o que pode levar anos.
Segundo a EFE, ele começou a chorar nesta quarta-feira durante a audiência. Schettino fez um pronunciamento final espontâneo no qual não conteve as lágrimas. "Quero dizer, talvez não fui compreendido, que em 13 de janeiro do 2012 uma parte de mim também morreu", afirmou.
2 - Costa Concordia às 17h39 de segunda-feira (16), no horário local (Foto: Andreas Solaro/AFP)
Costa Concordia após o naufrágio
(Foto: Andreas Solaro/AFP)
Investigadores criticaram severamente o modo como ele agiu durante o desastre, acusando-o de ter conduzido o navio de 290 metros de comprimento perto demais da costa, onde acabou batendo em rochas ao largo da ilha toscana de Giglio.
O acidente abriu um buraco no casco da embarcação, o que levou ao início de uma caótica remoção de mais de 4 mil passageiros e tripulantes durante a noite.

Schettino também era acusado de ter demorado para iniciar a retirada das pessoas e perdido o controle da operação, tendo abandonado o navio antes de todos os 4.200 passageiros e tripulantes serem resgatados.
'Vada a bordo'
O abandono ocasionou o episódio mais famoso em too o incidente: o momento em que o  capitão da Guarda Costeira Gregorio De Falco ordena furiosamente que Schettino retorne ao cruzeiro para supervisionar as operações de resgate com a frase "Vada a bordo, cazzo!"

"Ouça, Schettino, talvez você tenha se salvado do mar, mas eu vou fazer você ficar muito mal. Farei você pagar por isto. Vá para bordo!", gritou De Falco para Schettino durante um diálogo de quatro minutos, por rádio.
Os promotores pediram pena de 26 anos de prisão para Schettino, que admitiu alguma responsabilidade como comandante do navio, mas negou culpa pelas mortes que ocorreram durante a remoção.
Ele foi deixado sozinho no banco dos réus para responder pelo desastre após a Costa Cruzeiros, uma unidade da Carnival Corp, pagar multa de 1 bilhão de euros (US$ 1,13 milhão) para encerrar o caso e promotores aceitarem acordos com cinco outros funcionários.
Durante a audiência, Schettino se disse ainda "vítima da mídia". "Vivi em um circo midiático, é difícil definir como vida o que eu estou vivendo. A realidade foi distorcida, alterada em substância e forma. Foi oferecida uma imagem de mim ao público que não é real", criticou.
"Foi dito que não tive sensibilidade por não ter pedido perdão às vítimas, e também isto não corresponde à realidade. A dor não tem por que ser exibida, não fiz porque a dor demonstrada pode ser instrumentalizada", disse.
Arte Costa Concordia (Foto: Arte G1)

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