No dia 4 de maio de 1949, às 17 horas e 05 minutos, sob forte nevoeiro, o avião FIAT G212 da companhia italiana Aeritalia chocou-se contra a fachada da basílica que domina a colina de Superga, situada nos arredores de Turim.
O avião transportava a equipe e toda comissão técnica do glorioso Torino ( 31 pessoas).
Também faleceram, além de toda a delegação do clube piemontês, jornalistas esportivos e dirigentes do Torino.
O acidente ficou conhecido como a “Tragédia de Superga”.
O time grená estava voltando de Lisboa onde participara do amistoso contra o Benfica, em homenagem ao jogador português Francisco Ferreira.
A noticia do desastre repercutiu rapidamente em toda a Bota.
Vittorio Pozzo, treinador da Azzurra, vencedor das copas de 1934 e 1938, teve a dura missão de reconhecer os corpos daqueles que foram chamados “i caduti di Superga”.
500.000 pessoas acompanharam o cortejo que teve inicio na Piazza Castello e percorreu as principais ruas de Turim.
Foto do avião logo após o acidente
Não foi apenas o trauma de uma tragédia envolvendo celebridades que caracterizou o luto da capital piemontesa e de toda Itália, mas o súbito e inesperado desaparecimento do time símbolo de uma época, detentor de recordes impressionantes.
Fundado em 1906, o Torino conheceu suas primeiras glórias com a conquista de dois campeonatos italianos, um em 1927, título esse retirado por denúncia de corrupção (mais adiante irei abordar esse caso em outro post) e outro em 1928.
Entretanto, foi o pequeno industrial piemontês Ferruccio Novo, eleito presidente em 1939, que construiu o “Grande Torino”, graças as contratações do centroavante do rival Juventus, Gabetto e dos dois craques do Venezia, Mazzola e Liok.
O Torino ganhou o titulo de 1943, e já no pós guerra, conquistou quatro scudetticonsecutivos, de 1946 a 1949, sendo que esse último lhe foi entregue como título póstumo.
Durante esse período, o Torino dominou o futebol italiano e seus principais rivais, Juventus e Inter.
A equipe de Turim terminou a temporada de 1946-1947 com uma vantagem de 10 pontos sobre o segundo colocado, Na temporada anterior, a diferença foi de 16 pontos.
Seu jogo ofensivo ia de encontro com a tradição do futebol italiano (naquela época já defensivo), iniciada pela Juventus, já no início dos anos 30. Os jogadores do Torino adoravam placares dilatados como, por exemplo, a goleada histórica sobre a Roma, 7 a 1, fora de casa e o 5 a 0 contra a Inter, durante a temporada 1947-1948.
Embarque para o Brasil em 1948
Todo esse sucesso estava inscrito dentro de um contexto histórico difícil, que era o da reconstrução de uma Itália derrotada, de uma cidade que padeceu com os bombardeios aliados e vivenciou as atrocidades da ocupação nazista.
As conquistas do Torino e seus recordes ajudavam a esquecer, de certo modo, as dificuldades do momento e os horrores de um passado recente e alvitrava uma imagem otimista sobre o futuro da Itália.
Os sucessos do Grande Torino reforçavam junto aos operários da capital piemontesa a áurea granata (grená) de uma equipe que lhes permitiam, duas vezes ao ano, se vingar do time do patrão: a Juventus da Fiat.
Logo após a tragédia, os cadutti foram homenageados em todo planeta.
A FIFA ordenou um minuto de silencio nos campos de futebol do todo mundo.
Na Argentina, o River Plate fez alguns jogos em beneficio às viúvas e órfãos das vitimas do desastre.
No Brasil, não foi diferente, como ilustrou, com propriedade, Antonio Roque Citadini em seu site: “Em 8 de maio, no Estádio do Pacaembu, o Corinthians jogou com a Portuguesa e a renda foi destinada às famílias dos jogadores vítimas da tragédia. O Pacaembu lotado refletia a solidariedade dos paulistanos. O presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians, Sr. Maximiliano Ximenes, fez um discurso que provocou lágrimas na platéia. Na fila olímpica formada pelos atletas uma novidade que elevou a tensão no estádio: os jogadores do Corinthians vestiam o uniforme grená do Torino”.
http://www.citadini.com.br/alambrado/oexp011215.htm
Corinthians com a camisa do Torino (Fonte: www.citadini.com.br)
As glórias:
5 títulos italianos 42/43, 45/46, 46/47, 47/48 e 48/49.
Pontuação máxima na tabela 65 pontos (1947/48)
Vitória em casa com maior placar 10-0 Alessandria (1947/48)
Vitória fora de casa com maior placar 7-0 Roma (1945/46)
Vitórias em casa 19 – 20 (1947/48)
Números de pontos conquistados em casa 39 de 40 (1947/48)
Número de gols marcados 125 (1947/48)
Recorde de jogadores na seleção italiana – 10 jogadores 11/05/47 Italia-Hungria 3-2
Turnê no Brasil em 1948:
18/07/1948 – ESTÁDIO DO PACAEMBU
TORINO 1 X 1 PALMEIRAS
Arbitro: Ermano Silvano (Italia). Publico: 40.872
Gols: Gabetto 29? (T), Lula 43? (P).
Torino: Bacigalupo, Ballarin, Tomà, Grezar, Rigamonti, Martelli, Menti, Loik, ( 65? Martelli), Gabetto, Mazzola, Ossola. Técnico: Mario Sperone.
Palmeiras: Oberdan, Caieira, Turcão, Og.Moreira, Túlio, Waldemar Fiúme, Lula, Arturzinho, Bóvio, Lima ( 61? Oswaldinho), Canhotinho. Técnico: Cláudio Cardoso.
21/07/1948 – ESTÁDIO DO PACAEMBU
TORINO 1 X 2 CORINTHIANS
Arbitro: Ermanno Silvano (Italia). Publico: 45.946
Gols: Baltazar 43? (C), Colombo 71? (C), Gabetto 81?(T).
Torino: Bacigalupo ( 43? Piani), Ballarin, Tomá, Martelli, Rigamonti, Castigliano (Grezar), Menti, Loik, Gabetto, Mazzola, Ferraris. Técnico: Mario Sperone.
Corinthians: Bino, Rubens, Belacosa, Palmer, Hélio, Newton, Cláudio, Baltazar, Severo ( 65? Edélcio), Ruy, Colombo. Tecnico: Jorge Gomes de Lima.
25/07/1948- ESTÁDIO DO PACAEMBU
TORINO 4 X 1 PORTUGUESA
Arbitro: Alberto da Gama Malcher (Brasil). Publico: 30.000
Gols: Mazzola 16? (T), Pinguinha 42? (P), Gabetto 59?, 81? (T), Castigliano 61? (T)
Torino: Bacigalupo, Ballarin, Tomá, Martelli, Rigamonti (Rosetta), Castigliano (Grezar), Menti, Loik (Castigliano), Gabetto, Mazzola, Ossola. Tecnico: Mario Sperone.
Portuguesa: Caxambu, Lorico e Nino (Sapolinho), Luizinho, Silveira, Helio, Renato, Pinguinha, Nininho, Pinga, Teixeirinha (Djalma). Técnico: Conrado Ross.
28/07/1948 – ESTÁDIO DO PACAEMBU
TORINO 2 X 2 SÃO PAULO
Arbitro: Mario Gardelli (Italia). Publico: 42.500
Gols: Gabetto 11? (T), Ponce de Leon 15? (S), Menti 33? (T), Lelé 57? (S).
Torino: Bacigalupo, Ballarin, Tomá, Martelli, Rigamonti ( 52? Roseta), Grezar, Menti II, Castigliano ( 56? Piani), Gabetto, Mazzola, Ossola. Técnico: Mario Sperone.
Sao Paulo: Mario, Saverio, Mauro, Rui, Bauer, Noronha, Antoninho, Ponce de Leon ( 56? Lelé), Leonidas, Remo, Teixeirinha. Técnico: Vicente Feola.
Fontes: Archivio Toro e www.ilgrandetorino.net
http://blogdobirner.virgula.uol.com.br/2008/05/05/a-tragedia-de-superga/
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