sábado, 27 de junho de 2015

Sob tensão, UE concorda com plano de distribuição de 40 mil imigrantes

São Paulo  - Terminou na madrugada desta sexta-feira (26) a discussão entre os membros da Comissão Europeia sobre acrise imigratória que atinge o continente. A única decisão tomada foi que os líderes se comprometeram a dividir cerca de 40 mil estrangeiros que estão na Itália e na Grécia entre os outros 26 membros do bloco nos próximos dois anos.

Além disso, outros 20 mil refugiados - especialmente da Síria e da Eritreia - que estão em campos em outros países serão realocados dentro do continente.

A União Europeia ficou dividida em um grupo de países do Oriente - Polônia, Letônia, Eslováquia e República Checa - e os líderes Ocidentais - Itália, Alemanha e França. Até mesmo os dois presidentes europeus entraram em conflito e discutiram duramente durante o jantar dos líderes.

O chefe da Comissão e autor do plano de distribuição e cotas, Jean-Claude Juncker, e o presidente do Conselho, o polonês Donald Tusk, perderam a compostura após o último deixar sua posição de neutralidade como líder e criticar abertamente o projeto.

Juncker disse a Tusk que "sua posição está além de suas habilidades, eu continuarei sozinho. Sou contra seu método de trabalho porque esse é um esforço modesto, vamos ser honestos".

Outro que ficou furioso com os debates foi o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi. Por diversas vezes, ele entrou em confronto direto com os presidentes do "bloco Oriental".

"Se vocês não estão de acordo com 40 mil imigrantes, vocês não são dignos de se chamar Europa. Se essa é a vossa ideia de Europa, fiquem com ela. Ou vocês são solidários ou não nos façam perder tempo", disse o italiano.

A revolta do premier, da chanceler alemã, Angela Merkel, e do presidente francês, François Hollande, é que durante o jantar, houve uma tentativa dos países orientais de mudar o plano em seus pontos principais: de não haver a obrigatoriedade para os Estados-membros e de tirar o poder dos ministros do Interior na reunião de julho, em que eles devem aprovar toda a logística da operação e dar "cotas" para cada país.

Ao entregar a nova proposta, Tusk recebeu um "inaceitável" dos líderes dos três países e novamente irritou Renzi que disse não aceitar "essa discussão mesquinha e egoísta: ou fazem um gesto também simbólico ou a Itália pode fazer isso sozinha".

A alta comissária para a Política Externa e Segurança do bloco, Federica Mogherini, também elevou o tom da discussão e ressaltou que "se não somos capazes de dividir imigrantes não somos a grande Europa que pode negociar qualquer coisa no mundo".

Após a sobremesa, por volta das 23h (horário local), foi concedida uma pausa de meia hora para que os ânimos se acalmassem e as discussões fossem retomadas em um clima melhor.

Por fim, ficou decidido que a União Europeia fará a distribuição desses imigrantes, mas que a reunião de julho definirá como será feita repartição - que poderá ser "voluntária". O texto sobre as cotas obrigatórias será reescrito pela Comissão e pelo Conselho e será reapresentado também em julho - com as cláusulas sendo aprovadas ou não por consenso. A divisão dos estrangeiros começará no início do próximo Verão Europeu.

Ao sair do encontro, Hollande não deu muitos detalhes, mas reconheceu que "a discussão teve momentos de tensão". O premier da Bélgica, Charles Michel, destacou que "a decisão tomada foi deplorável" e que para alguns países-membros "só existe solidariedade quando lhes convêm".

Merkel foi outra líder que saiu assustada do encontro, dizendo a fontes próximas que esse "foi o maior desafio que vi nos assuntos europeus desde que sou chanceler". A alemã está no cargo há cerca de 10 anos.

Por outro lado, a presidente da Lituânia, Dalia Grybauskaite, disse que os europeus "tem ideias diferentes de solidariedade" e que a conversa "não foi muito agradável".

Já o exaltado premier italiano deu uma resposta mais equilibrada sobre a tensa reunião. "Poderíamos ter feito mais. Mas, esse é o primeiro passo e estou feliz que a Europa reconheça que o problema da imigração é de todos. Porém, o espírito dessa reunião foi um dos piores vividos em décadas", finalizou.

Segundo dados divulgados pelo Eurostat, o instituto europeu de estatísticas, no 1º trimestre deste ano, a União Europeia recebeu 185 mil pedidos de asilo - um número 86% maior do que o mesmo período de 2014.(ANSA)

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