por Frei Rovílio Costa
"O processo de identidade se estrutura no contexto familiar, seja a
família tradicional, organizada segundo padrões éticos, civis e/ou
religiosos, seja a família como referencial de relações entre pais e
filhos.
Identidade é um processo básico da personalidade, dividido em auto-
imagem e auto-estima.
A auto-imagem se equivale ao auto-retrato, e a auto-estima, ao auto-
conceito.
Pela auto-imagem, alguém se configura como agradável, amável,
simpático..., ou vice-versa.
Pela auto-estima, alguém se avalia, se valoriza como inteligente,
competente, incompetente...
A auto-imagem é auto-percepção; a auto-estima se refere à auto-étero-
percepção.
Na auto-imagem nos avaliamos; na auto-estima nos sentimos avaliados.
Do sentir-se consigo mesmo e do sentir-se com os outros, resulta a
identidade pessoal.
Haverá uma identidade, como auto-imagem e auto-estima étnica
uniforme e única?
Haverá uma identidade étnica italiana unitária?
O que é mesmo ser italiano?
As etnicidades se definem por estereótipos, ou por peculiares
definições identitárias?
Imagine-se alguém que se arrogue poder dizer: o Italiano assim se
define.
Uma Itália unificada politicamente não corresponde a uma Itália
unificada psicológica e existencialmente, como um todo demográfico
semelhante.
A identidade pessoal tem bases na esturutra familiar e se expressa
em consonância ou dissonância das circunstâncias sociais e
ecológicas.
Em nossos textos, elencaremos possíveis fatores que diferenciem os
italianos em geral e os italianos em particular, ou italianos entre
si.
No geral, buscamos estereótipos nacionais. No particular, buscamos
estereótipos regionais, provinciais, municipais, grupais (contradas)
e familiares.
Se disséssemos que há só uma forma de amar, e de que o amor de
ontem é o mesmo do de hoje, teríamos uma equação matemática do amor.
Assim, se dissermos que o italiano de ontem, do norte, do centro, do
sul é o mesmo, teríamos uma equação matemática também.
Mas, em ambos os casos, teríamos resultados frios de fria
matemática, sem calor e sem sangue.
E aqui a primeira caraterísitica que apontaria do italiano,
esperando a opinião do leitor:
- O italiano é um ser humano quente, vibrante, de sangue grosso...,
dividido em dois pólos - o de um grande amor, ou o de um grande
ódio. O italiano brocha em sentimentos não existe.
E a conclusão e/ou interrogação que faria é esta:
Haverá um italiano frio, comedido, matemático, sem qualquer exagero?
Sem um grande amor? Sem um grande ódio? Será a neutralidade uma
virtude italiana? Se existem baratas na Itália, terá o italiano
sangue de barata?
O calor, o sangue, o ódio, o amor, a paixão, o apego, o orgulho, o
trabalho, a beleza, a filosofia de vida, o deboche, a fé, a crença,
a descrença, o anti-tudo ... existirá no italiano como um todo
conjunto, que se possa dizer:
- Isto é tipicamente o italiano.
Se eu perguntar, aqui no Brasil, a alguém: De que país você é? E ele
me responder: Sou Italiano, e fizer a mesma pergunta, na Itália, à
mesma pessoa, ela me dirá: Eu sou romano, pugliese, calabrese,
siciliano, vêneto, lombardo... Se fizer a mesma pergunta em Cremona,
a pessoa poderá dizer-me: Eu sou de Ca' de Sorresini...
Quando se diz que alguém é bairrista, se pensa em algo negativo. Ao
contrário. É o bom bairrismo que faz a diferença, que estrutura a
identidade, que é o antídoto à globalização inconseqüente, que faz
as diferenças italianas se imporem na Itália e no mundo, porque cada
italiano, em qualquer parte, se considera diferente e único. Por
isto, existe o pesto genovese, o queijo de Parma e, além do infindo
rol de bons vinhos, há o italiano que não se desapega do ex-familiar
crinto, como o melhor vinho, porque ele se crê o melhor italiano do
mundo.
Defina a sua forma de italianidade, e emita sua opinião para eu
continuar escrevendo. (Texto publicado na Revista insieme@..., nov.
2001, p. 30-1)."
Texto enviado por Mirna Borella Bravo
segunda-feira, 3 de setembro de 2007
Italianidade
Marcadores:
Cidadania italiana
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