domingo, 14 de junho de 2009

Saudade do Frei Rovílio

Frei Rovílio Costa

Saudade
Quando li, hoje, que frei Rovílio se fora, chorei muito. Chorei lágrimas que nem sabia que estavam em mim. Armei-me de coragem, pois não me dou com velórios, mas dentro da minha alma sabia que era pouco de tudo que devia a ele. Atravessei a cidade, chorando, com minha filha a acariciar meus cabelos. Imprimira um mapa, mas não contava com a “Procissão de Santo Antônio”, cuja Igreja é na frente do Convento dos Capuchinhos, e onde será rezada a Missa de Corpo Presente, amanhã. Milhares de pessoas... Impossível estacionar. Entrei na pequena Capela do Convento e vi o esquife, Simples, singelo como seu ocupante haveria de querer. Vestido com o Hábito simples dos Capuchinhos. Aquela estátua de cera, que outrora abrigara aquele grande homem grande, como eu o chamava, me hipnotizava. Surpresa pela dor que me oprimia, segurei suas mãos geladas e chorei, chorei, solucei quase urrando de dor. E olhei seu rosto sereno,lindo,que parecia-me dizer com aquele seu peculiar jeito maroto: -Chega menina!Isto é da Terra!Não estou aqui!Olha o fiasco. Cheguei a olhar para trás. Apenas meia dúzia de pessoas, nenhum parente que eu conhecesse, nem sua sobrinha que cuidava dele com todo desvelo do mundo. Certamente, amanhã estarão presentes a Governadora, o Prefeito e toda uma legião de amigos. Mas eu pude ficar, conversar de mente para mente, colocar em dia minhas aflições, não sem antes agradecer-lhe tudo o que fazia por mim. Sim, fazia. Muitas vezes me peguei pedindo conselhos mentalmente a este grande homem grande. Aquele intelectual, poliglota, professor, doutor, tão brilhante, que publicou 2400 títulos pela EST, que fazia parte de Academias de Letras, de Jornalismo, era antes de tudo um frade. Um seguidor de São Francisco, que tinha a mente mais aberta que se possa imaginar, o coração mais amoroso que conheci, uma luz imensa que se irradiava quando falava. Enfim, um grande carisma. O maior. Era quem segurava as mãos das pessoas que iam falar com ele, que era instrumento da paz do Senhor, que mostrava o caminho para os que estavam perdidos, sempre com um sorriso nos lábios e nos olhos. Porque seus olhos sorriam... Era assim que ele queria ser: Um discípulo de Jesus. Assim ele foi. Assim permanecerá na memória de todos que tiveram o privilégio de conhecê-lo e partilhar de seus pensamentos.

Que saudade!


Homenagem de
Mirna Lanius Borella Bravo
Porto Alegre, RS

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