Por Paolo Cucchiarelli - Roma - - O jogo é a "nova fronteira" da máfia na Itália, onde para cada euro recebido pelo Estado através da loto ou de apostas desportivas, 10 vão para os cofres do crime organizado, motivo pelo qual, atualmente, é a "principal" fonte de renda da máfia italiana.
As apostas ilegais, com base em dados da Polícia Financeira, variam de € 1 bilhão a € 1,5 bilhão por ano. Já com o vídeo-pôquer as máfias arrecadam cerca de € 10 bilhões, de acordo com a denúncia do presidente da Comissão Antimáfia, Giuseppe Pisanu.
"O jogo, incluindo as apostas sobre eventos desportivos, por conta da garantia dos rendimentos notáveis frente aos riscos judiciais relativamente contidos, se transformou na nova fronteira do crime organizado do tipo mafioso", denunciou a Comissão antimáfia.
Cosa Nostra, Camorra, 'Ndrangheta e Sacra Corona Unita estão todas envolvidas na divisão desse "botim".
Além dos riscos mínimos em termos judiciais, a situação é ainda potencializada pela ampla oferta via internet, que escapa a todo e qualquer controle.
O jogo legal e ilegal se tornou "uma das fontes principais de enriquecimento do crime organizado", diagnosticou Pisanu.
Em 2010, os agentes da Polícia Tributária executaram 6.095 intervenções, confiscaram 3.746 videojogos irregulares e descobriram 1.918 centros de apostas não autorizados ou clandestinos, o equivalente a um faturamento superior a € 2 milhões.
O mercado de apostas se tornou um negócio atraente na Itália, que está entre os cinco principais países do mundo em termos de volume de jogo: só no ano passado, os italianos "jogaram" mais de € 61 bilhões, que representaram para o Estado pouco menos que € 9 bilhões.
O dado alarmante é que as organizações mafiosas as administram como se fosse um negócio perfeitamente dentro da lei: além de não renunciarem ao "pizzo" (uma espécie de dízimo cobrado em troca de "proteção") e à cobrança pelas apostas desportivas, começa a surgir uma estrutura com empresas de aspecto absolutamente "normal".
Além disso, a indústria do jogo tem um volume de negócios de aproximadamente 3% do PIB (Produto Interno Bruto), que emprega cerca de 5 mil empresas e 120 mil pessoas.
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