“Essa
classe média é uma fantasia que está se criando. Não se define a classe
média pela renda, mas pela posição na estrutura populacional”, diz
economista
O diagnóstico de ascensão de parte da população pobre à classe média na
última década, como defendido por alguns intelectuais e por técnicos do
governo não é consenso entre especialistas em desigualdade e
estratificação social.
Esses especialistas não negam a diminuição da desigualdade social, a
redução da concentração da riqueza, a melhoria da renda dos mais pobres e
o incremento das perspectivas desse setor da população. Entretanto,
consideram que a renda não é o único fator a ser levado em conta –
pesquisa divulgada pelo governo na semana passada classifica como classe
média os que vivem em famílias com renda per capita mensal entre R$ 291
e R$ 1.019 e tem baixa probabilidade de passar a ser pobre no futuro
próximo.
“Essa classe média é uma fantasia que está se criando”, critica Eduardo
Fagnani, do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp). “Não se define a classe média pela renda, mas pela posição na
estrutura populacional”, explica o economista que também participa do
núcleo de estudos Plataforma Política Social. Segundo ele, o conjunto da
população em ascensão ainda depende muito do sistema público de saúde,
previdência e ensino e não tem entre as suas despesas o pagamento de
escola particular para os filhos, a manutenção de previdência
complementar, acesso a plano de saúde privado ou o costume de fazer
viagens ao exterior.
Ele lembra que a noção de classe média é associada a determinados
padrões de consumo e de formação educacional “que não temos no Brasil,
como amplo acesso ao curso superior”, disse.
Em linha semelhante, o sociólogo Jessé Souza, autor do livro Os
Batalhadores Brasileiros e professor da Universidade Federal de Juiz de
Fora (UFJF), prefere chamar a população em ascensão econômica no Brasil
de “nova classe trabalhadora” e critica o ponto de vista estritamente
econômico que não considera “condições sociais, morais e culturais”,
repassados em família, que permitem a “apropriação” de hábitos e
comportamentos considerados como de classe média.
Agência Brasil
www.agoranoticias.net
Nenhum comentário:
Postar um comentário