Com o Papa Bento XVI
em retiro espiritual, às vésperas da renúncia, eram muitas as
especulações nesta segunda-feira (18) em Roma sobre os candidatos
favoritos para substituí-lo na liderança da Igreja Católica, uma semana
após o anúncio histórico de que ele vai renunciar.
Entre os prováveis "papabili" (papáveis), alguns nomes se repetem: o
cardeal canadense Marc Ouellet, muito ligado ao Papa, o arcebispo de
Milão Angelo Scola, o ganês Peter Turkson, o cardeal Christoph
Schonborn, de Viena, e o arcebispo de São Paulo, Odilo Pedro Scherer.
Mas, desta vez, "não há nenhum claro favorito", considerou o vaticanista americano John Allen, do National Catholic Reporter. Segundo ele, o cardeal Ouellet "é uma fotocópia de Ratzinger", teólogo brilhante, espiritual, simples, mas tímido e pouco midiático.
No entanto, o Colégio dos Cardeais, metade formado por Bento XVI e a outra por seu antecessor, João Paulo II, pode optar, segundo ele, por um clérigo com "um perfil público atraente", no momento em que a prioridade absoluta é a "nova evangelização".
O próximo Papa precisará ter "uma mente aberta", com "a capacidade de aceitar e compreender as diferentes culturas", explicou o cardeal de Paris, André Vingt-Trois, ao jornal "La Stampa".
A imprensa italiana acredita que o secretário de Estado, Tarcisio Bertone, pode defender a escolha de Gianfranco Ravasi, o "ministro" da Cultura, para o posto. O prelado italiano, um dos mais brilhantes da Cúria, é um homem caloroso e midiático, mas considerado por alguns muito intelectual.
Uma antecipação da data do Conclave para em torno de 10 de março é agora uma hipótese plausível, pois os cardeais, presentes em Roma em 28 de fevereiro para saudar o Papa, vão ter tempo de sobra para se reunir.
Bento XVI deve renunciar daqui dez dias. Ele não será visto até o próximo e último Angelus de domingo na Praça São Pedro.
Ele se retirou com a Cúria para "exercícios espirituais" da Quaresma:
um "oásis" para ele, depois dos dias tumultuados seguidos ao anúncio de
sua renúncia, explicou Ravasi, que dirige estas meditações.
Na capela "Redemptoris Mater", 17 sessões de reflexões do cardeal
Ravasi vão ocupar este tempo dedicado tradicionalmente à oração e exame
de consciência neste período de preparação para a Páscoa, em 31 de
março.
Em sua primeira meditação, este prelado italiano denunciou "os rumores
que continuamente atacaram nossos ouvidos nos últimos dias". Ele
considerou que o próximo papel de Bento XVI será o de "intercessão" para
a Igreja, de seu mosteiro em uma colina no Vaticano.
Ele comparou a situação com Moisés idoso orando no monte pelo povo de
Israel. Talvez, de vez em quando, 'um de nós pode imitar Josué e Hour
(dois próximos de Moisés) que escalavam a montanha para apoiar os braços
de Moisés em oração", afirmou o cardeal, referindo-se uma famosa
passagem do Livro de Êxodo.
A Cúria ainda está surpresa, e nem todos digeriram devidamente esta
mudança no equilíbrio da Igreja. Alguns defendem que um Papa não pode
renunciar, segundo os observadores.
Quinta-feira, citando a sua futura aposentadoria em um mosteiro no
Vaticano, Bento XVI disse que "iria se esconder do resto do mundo".
De acordo com seu porta-voz Federico Lombardi, o Papa pretende
dedicar-se à oração e escrita, e não vai interferir na ação de seu
sucessor.
Mas apenas o fato de Bento XVI, depois de dois meses na residência de
Castel Gandolfo, acomode-se em um convento especialmente montado dentro
do pequeno Estado terá uma influência psicológica sobre a Cúria.
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