No ano de 79 d.C., as lavas do Vesúvio riscaram a cidade de Pompeia do mapa. Um erupção de ainda maiores dimensões pode vir a assolar a região italiana da Campania, sul de Itália, a qualquer momento, sem que haja um plano de emergência adequado.
O último número da revista National Geographic dá conta das pesquisas do vulcanólogo do Observatório Vesuviano de Nápoles Giuseppe Mastrolorenzo e do antropólogo Paolo Petrone, que em 2001 documentaram pela primeira vez a erupção que destruiu Avellino há 3780 anos e que serve de referência para o que pode vir a acontecer.
"As catástrofes dos nossos dias, do furacão de Nova Orleans ao tsunami da Ásia, aconteceram porque os piores cenários foram subvalorizados", advertem os especialistas depois de serem acusados de instigarem um "alarmismo irresponsável" pelo próprio presidente do Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia, Enzo Boschi.
Baseando-se no intervalo de dois mil anos entre as grandes explosões do Vesúvio, Mastrolorenzo e Michael Sheridan, um vulcanólogo da Universidade de Nova Iorque, calculam que a próxima erupção possa estar para acontecer em breve. Segundo estes cálculos, há mais de 50% de hipóteses de o Vesúvio entrar em erupção a cada ano que passa.
Contudo, o que mais preocupa os cientistas é a insuficiência do plano italiano de emergência. Este propõe a evacuação da área atingida pela erupção de 1613, mas caso o vulcão entre em atividade, um número muito maior de quilômetros pode ser afetado, chegando cinzas e chuvas piroclásticas até Nápoles, como aconteceu quando da erupção de Avellino.
A Protecção Civil garante que o vulcão é permanentemente monitorizado, e que nada leva a crer que uma erupção esteja eminente. Titi Postiglione, responsável por este departamento, explica que "existe uma probabilidade de 1% de se verificar uma erupção como a de Avellino. Por isso, para elaborar um plano foi escolhida a erupção de 1631. Parte-se do cenário mais provável, mas o plano pode ser mudado a qualquer instante, caso a crise pré-eruptiva indique um risco maior".
Entretanto, o plano de evacuação de 2001, criticado pelos vulcanólogos, já está sendo revisto. "O novo plano prevê a evacuação de Nápoles em três dias e não em seis, feita com meios privados e não apenas com meios públicos", avança Titi Postiglione.
No entanto, evacuar um cidade de quatro milhões de habitantes pode revelar-se uma tarefa difícil. O exercício de evacuação de Outubro de 2006, que contava apenas cem cidadãos de cada uma das dezoito vilas mais próximas do Vesúvio, não teve bons resultados, ficando os participantes retidos em filas de trânsito na auto-estrada para Nápoles.
No caso de uma grande erupção como a de Avellino, a evacuação dos habitantes da zona teria de começar com grande antecedência, apesar de não ser possível prever o momento exato em que o Vesúvio tornará a estar ativo.
Fonte: Sapo.pt
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