sábado, 22 de março de 2008

Sábado de Aleluia é marcado por vigília e batismo do fogo


A celebração da noite de espera pela ressurreição de Jesus Cristo, segundo a tradição católica, caracteriza-se por uma longa vigília que acontece no Sábado de Aleluia. Os horários das orações, segundo o padre Geraldo Martins, assessor de imprensa da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dependem das condições de cada paróquia, mas a noite deve ser de preparação para a festa da ressurreição.

A cerimônia litúrgica desta data, de acordo com Martins, é dividida em quatro partes. Na primeira delas, que começa fora da igreja, acontece o batismo do fogo. “Acendemos uma fogueira e depois de benze-la, acendemos com aquele fogo o círio pascal, uma grande vela que lembra o Cristo como uma luz que não se apaga”, afirma. O padre explica ainda que o círio traz o desenho de uma cruz e os algarismos alfa e ômega. “Esses símbolos representam Jesus como o princípio e o fim de todas as coisas”, diz. Em meio a cantos e orações especiais para a vigília, os fiéis acendem suas velas na chama do círio. A cerimônia é seguida pela leitura de, pelo menos, três textos do Antigo Testamento da Bíblia e dois textos do Novo Testamento. “Os primeiros textos lembram a criação de Cristo, sua libertação e a presença de Deus por meio dos profetas”, explica.

Na missa do Sábado de Aleluia, a comunidade católica volta a cantar os chamados Hino de Louvor, silenciados durante toda a quaresma. Na terceira parte da celebração, depois da homilia feita pelo sacerdote, a comunidade é convidada a renovar as promessas de seu batismo. “Antigamente, nesta noite, os cristãos costumavam receber os sacramentos do batismo, da eucaristia e da crisma, todos de uma vez. Hoje, esse gesto é uma maneira de retomar essa tradição”, conta Martins. Para finalizar a cerimônia, Martins afirma que em muitas comunidades do país é comum a procissão da ressurreição. “Algumas comunidades fazem essa procissão na noite de sábado e outras optam por faze-la na manhã do domingo, mas essa etapa do cerimonial não faz parte da liturgia, portanto ela é opcional em cada comunidade”, completa.

Um antigo costume ainda visto em comunidades espalhadas pelo país, a Malhação do Judas é feita em um boneco, que é queimado e geralmente representa algo ou alguém que é alvo de insatisfação da comunidade. Inicialmente, o nome dado ao rito fazia alusão a Judas Iscariotes, o apóstolo que traiu Jesus Cristo. No entanto, segundo padre Martins, o costume não faz parte da tradição litúrgica da igreja católica. “Acredito que elejam Judas para dar nome ao ato em representação àquele que trai algum princípio, mas a tradição não faz parte da liturgia católica”, diz. Martins explica que, de acordo com a descrição da Bíblia, Judas, depois de se arrepender da traição, teria se enforcado. Em algumas regiões do país o boneco também é simbolicamente enforcado antes de ser queimado.

Do Globo on line

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