quinta-feira, 15 de maio de 2008

Corrida italiana traz carros que fizeram história

Durante quatro dias, a partir desta quinta-feira, as estradas italianas vão ser cobertas por uma caravana de veículos que escreveram a história do automobilismo mundial, na famosa corrida de Mil Milhas. A largada e a chegada acontecem na cidade de Brescia, no norte da Itália. O ponto mais distante é Roma. No total, os pilotos irão rodar 1,6 mil quilômetros. Neste ano, 375 carros foram selecionados dentro de um universo de quase dois mil. Os critérios foram o de antigüidade, importância histórica e presença nas edições anteriores da corrida, criada em 1927 e interrompida apenas durante os anos da guerra. Os veículos foram divididos de acordo com a cilindrada dos motores e nas categorias "Gran Turismo", "Turismo" e "Sport".

Veja fotos dos carros que participam da corrida

Algumas marcas resistiram ao tempo, como a Fiat, a Ferrari, a Porsche e a Bentley. Já outras desapareceram pelo caminho como a DKW e a Gordini. A corrida é uma chance para ver de perto modelos de 59 casas automobilísticas pilotados por colecionadores de 29 nações, entre eles o francês Jean Alesi, ex-piloto da Fórmula 1. Os carros devem ter apenas peças originais. Antes da largada, os veículos passam por um rigoroso exame de inspeção."Verificamos o estado do carro e a sua origem, o seu passado histórico", diz um técnico para a BBC Brasil. Cada carro de época tem uma espécie de árvore genealógica, e muitos são seguidos à distância pelos seus velhos proprietários.

A corrida possibilita reencontros. Como os de Giorgio e Nicoletta Barvas Grossi com o ex-piloto Rinaldo Parmigiano, de 82 anos. O casal comprou um Alfa Romeu Giulietta Sprint Veloce que participou das Mil Milhas de 1957.

Nesta competição, ninguém tem sede de vitória. Todos largam para se divertir e colocar à prova ruelas, parafusos, pneus, nervos e neurônios. Mais do que uma prova de velocidade, a corrida é hoje um teste de resistência para os carros e os pilotos.

Com algumas mudanças, as Mil Milhas continuam sendo uma corrida à moda antiga. O piloto e o seu navegador somente podem guiar e se orientar usando os mapas e, claro, prestando atenção às indicações das placas nas estradas. Aparelhos que localizam a posição através de satélite pertencem ao futuro e não ao passado.

Já foi o tempo quando quem vinha atrás comia poeira, literalmente, como nos primeiros anos, nas estradas de terra batida. O percurso, entre rodovias vicinais e principais, é praticamente todo asfaltado. Por um lado, isso pode ser uma tentação para pisar no acelerador. Por outro, é bom conhecer bem os limites de velocidade para não ganhar uma multa: 50 km/h nos centros urbanos, 70 km nas estradas provinciais e 130km/h nas auto-estradas. Tudo em nome da segurança.

A corrida cobrou um tributo alto de acidentes com vítimas fatais ao longo da sua existência.O pior aconteceu em 1957 quando o piloto espanhol Alfonso de Portago saiu da estrada a 300 km/h por causa de um pneu estourado. Ele e o jornalista Emundo Gurner Nelson, navegador da dupla, morreram juntamente com outros nove espectadores atropelados pela Ferrari desgovernada. De lá para cá, a competição trocou a velocidade pela regularidade.O recorde de 10 horas e 8 minutos, com uma média de 157 km/h, estabelecido pelo piloto Stirling Moss, campeão de 1955 a bordo de um Mercedez-Benz 300 SLR, ficou congelado no tempo. E através de uma complicada equação matemática, os organizadores "calibram" o tempo levando em conta o modelo, o ano, a cilindrada do motor e a duração entre os trajetos medidos com o cronômetro manual.

Com informações da BBC

Nenhum comentário: