sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Cidade pouco segura, mas a culpa não é dos imigrantes

ROMA – Que as cidades italianas sejam menos seguras que outras do resto da Europa parece um dado certo, mas afirmar que esse obscuro recorde seja conseqüência da imigração é um falso mito. Pelo menos, é o que conclui a última pesquisa, sobre a qualidade de vida em 357cidades européias, realizada pelo Instituto Eurostat a pedido da Comissão UE e publicada recentemente no Corriere della Sera.

Quando se trata de homicídios e mortes violentas, a cidade italiana com a mais alta taxa de incidência em cada mil habitantes é Caserta (0,14). Ali, em base as estatísticas, se mata sete vezes mais que em Barcelona e 14 vezes mais que em Madri. A situação não é melhor em relação aos furtos de carros. A classificação geral das 375 cidades européias é guiada por um sexteto do Belpaese: Caserta (15,3), Catânia (14,7), Nápoles (11,7), Turim (11,3), Roma (11,2) e Milão (11), que vai em ex aequo com a primeira das européias, Manchester (11).

O levantamento da Eurostat confirma que a incidência da população estrangeira não é fator que determina a violência nos centros urbanos. Segundo a pesquisa, nações mais seguras que a Itália apresentam também as taxas de imigração mais altas. Dois exemplos são a Espanha, onde os imigrantes representam 5,43% da população, e a Alemanha, cujo percentual de estrangeiros no País chega a 9,17%. Já, na Itália, o contingente de imigrantes não ultrapassa 4,16%.

Baseando-se ainda nos exemplos citados pelo Corriere, a superlotação dos centros de permanência, que poderia ser indicador da clandestinidade, não significa necessariamente menos segurança. No centro de Torino, o percentual de estrangeiros, para cada mil habitantes, não supera 0,49, enquanto em Magdeburgo são 4,69 e em Colônia 6.

Para justificar a equação imigrantes igual a insegurança, seria necessário demonstrar que na Itália chegam menos imigrantes, mas os que se encontram no País são mais malvados que aqueles concentrados no resto da Europa. O elevado número de estrangeiros nos cárceres também não influi na equação, considerando a ausência de acordos que permitam o desconto da pena nos países de origem e, sobretudo, que muitos desses detentos não têm fácil acesso às medidas alternativas. A maioria ainda aguarda julgamento e, portanto, não poderia ser incluída na lista de criminosos.

Agora Notícias

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