terça-feira, 30 de junho de 2009

Com selo italiano

Prefeitura de Manaus fecha parceria com Cooperativa Archeologia, da Toscana, para formação de restauradores. Aulas começam em agosto

A experiência italiana no campo da restauração de obras consideradas verdadeiros patrimônios históricos está fazendo escola no Brasil. Mais precisamente no Amazonas. Uma parceria entre a prefeitura de Manaus, a Cooperativa Archeologia, da Toscana, eo Serviço Brasileiro de Apoio às Pequenas Empresas (Sebrae) oferecerá, a partir de agosto, cursos para profissionais interessado sem trabalhar na recuperação de imóveis centenários. A primeira oficina-escola do projeto se destina à formação de mão-de-obra especializada. O foco são as obras do Mercado Municipal Adolpho Lisboa e do Paço Municipal, construídos entre 1874 e 1883. O trabalho está paralisado desde março, quando a administração pública rompeu o contrato com a empresa que haviaganhado a licitação para fazera restauração.

Além de ministrar o curso, a Cooperativa pode vir a ser contratada pela prefeitura para dar continuidade à própria obra cujo orçamentoé de 6 milhões de reais. De acordo com o subsecretario municipal de Cultura, Renato Seyssel, para o contrato ser firmado com o grupo italiano falta o aval do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Ipham):

— A empresa contratada pela administração passada fez medições equivocadas do prédio e não comprovou capacidade técnica. Por isso, as obras foram embargadas pelo Iphan — explica Seyssel.

Ele conta que a prefeitura de Manaus “chegou” à Itália para resolver essa questão por intermédio de Luca Senesi, do Instituto Itália Brasil, no ano passado. O Instituto tem como objetivo divulgar a culturaitaliana em Manaus.

— Os italianos são os melhores do mundo nesse serviço e acreditamos que outras construções nossas serão beneficiadas com essa parceria — explica Seyssel — Vamos investir na formação da base, das pessoas que trabalham diretamente com a restauração. São mestres de obras, pedreiros e gesseiros que colocam a mão na massa e precisamser treinados para manusear cuidadosamente esse tipo de material. Afinal, uma restauraçãonão é igual a uma obra nova.

Ainda segundo Seyssel, os interessados em participar do curso devem encaminhar seus currículos à prefeitura. Em março,um projeto-piloto reuniu 35 profisionais da construção civil. Na ocasião, o diretor comercial da cooperativa, Fábio Faggella, e o prefeito da cidade de Pelago, na região metropolitana de Florença, Marcello Ulivileri, conheceram detalhes do projeto da ofi cina-escola cujos cursos terão duração de220 horas, sendo 180 destinadas às práticas de restauração.

A busca pela Cooperativa se deve a um currículo que inclui a recuperação de mais de 900 patrimônios históricos em 11 países, como China, Rússia e Grécia. Há 30 anos no mercado, o grupo emprega mais de 200 profissionais e tem em sua lista de restauroa recente recuperação da Torre de Pisa, o monumento mais famoso da cidade, localizado na região da Toscana. O diretor comercial da Cooperativa Archeologia, Fábio Faggella, sabe que a Itália ostenta um patrimônio considerável a ser preservado.

— Os templos subterrâneos, localizados na região da Sicília, nosul da Itália, construídos cinco séculos antes de Cristo, representam uma das obras mais incríveis que restauramos — aponta Faggella.

Restauração em alta Levantamentos preliminares dosenvolvidos no acordo indicam que em Manaus há pelo menos 1,6 milimóveis de interesse de preservação. O curso oferecido pela Cooperativa Archeologia e o Sebrae será dividido em três níveis – básico, intermediário e avançado. O módulo avançado será delineado ao longo de três anos. Ainda poderá ser criado um curso de nível superior, com duração de cinco anos,para a formação de restauradores.

— Formaremos profissionais que conheçam as técnicas de restauro porque esse é um mercado promissor. Vamos incentivar inclusive a abertura de empresas especializadas nesse tipode trabalho — destaca o gerentede Planejamento do Sebrae/Am, Vicente Schettini.

Por Silvia Souza

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