sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Seminário Itinerante Internacional


ANDREA PALLADIO, JAPPELLI E SCARPA. ECOLOGIA HUMANA, PAISAGEM E SOCIEDADE.
2010

Seminário Itinerante Internacional
Leitura eco-humana de paisagens históricas nas obras de três arquitetos.
Região do Vêneto (Itália), de 20 a 24 de setembro de 2010
Incluindo visita a Bienal de Arquitetura de Veneza


Motivação:
O projeto pretende ser ocasião para a reflexão sobre a relação entre arquitetura e paisagem eco-humana a partir da experiência única constituída pela extraordinária riqueza territorial da região italiana do Vêneto a cargo, sobretudo, das obras do arquiteto renascentista padovano, Andrea Palladio.

Palladio não é somente um grande arquiteto, mas trata-se também de um extraordinário paisagista.

O seu paisagismo é duplo, sendo de contexto urbano e rural.

O seminário desenvolver-se-á em forma predominantemente itinerante, visitando lugares vênetos aptos a colocar em foco a obra arquitetônica e paisagística do arquiteto padovano. Somente para dar um pequeno exemplo, serão confrontados exemplos de residências renascentistas italianas (Villa Foscari-Malcontenta, Villa Villa Barbaro, etc.) com exemplos de palácios urbanos, sobretudo em Vicenza (Palazzo Barbarano, Basilica Palladiana, Teatro Olímpico, etc.) e igrejas em Veneza (San Giorgio Maggiore e Redentore). A ocasião será particularmente significativa para focalizar fenômenos de paisagem próprios de um contexto sociológico com características rurais de época renascentista.

O seminário conduzirá, além disso, a uma outra análise propondo a visita e a descoberta das obras de Giuseppe Jappelli, um importante arquiteto (também este padovano), porém, do século XIX. Jappelli, sofreu forte influência palladiana mas foi caracterizado pelos fatores pré-industriais de sua época, como as influências ligadas às idéias iluministas, o desenvolvimento da tecnologia ferroviária (ferrovia Veneza-Pádua, Pádua-Verona), o progresso das máquinas hidráulicas a vapor utilizadas para a melhoria das terras paludosas da planície vêneta e, finalmente, por questões sanitárias, como o planejamento e a inserção de matadouros em uma cidade em expansão, como era a Pádua do século XIX (Matadouro Pietro Selvático). Jappelli ocupou-se, além disso, da criação de lugares adequados à socialização da burguesia emergente (Caffè Pedrocchi e Teatro Verdi, ambos em Pádua); da realização de jardins românticos (Saonara, Romiati e Giardino Treves) e, no geral, dedicou-se à gestão de um paisagismo que não buscava integrar-se somente com o contexto agrário mas que, pioneiramente, a nível europeu, levantava questões ligadas à inserção do "verde" em contextos urbanos (Villa Gera em Conegliano).

E, finalmente, o veneziano Carlo Scarpa, do qual se fará uma leitura eco-humana de sua obra simbólica mais significativa: o monumento funerário para a famosa família de empreendedores vênetos, Brion. Nesta obra, com seus elementos constitutivos feitos de água, luz, terra e ar, Scarpa acolhe de modo criativo a tradição vêneto-palladiana, inserindo uma força ideativa notável sem, porém, jamais perturbar a tranqüilidade e a densidade do lugar. Será, portanto, uma ótima ocasião para apresentar aos estudiosos brasileiros exemplos de arquitetura, paisagismo e planejamento urbano dentro de um contexto sociológico, através de três grandes arquitetos do passado, como Andrea Palladio, Giuseppe Jappelli e Carlo Scarpa. Serão verificadas, também, as mudanças ocorridas na paisagem e na arquitetura de um território em particular, o Vêneto, devido ao desenvolver-se de uma paisagem de caráter agroindustrial e, posteriormente, de uma mais tardia e de caráter pré-industrial, aproximando-se de um contexto territorial que há pouco os europeus deixaram para trás, para entrar na assim chamada era "glocal" e "bio-digital".



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