sexta-feira, 27 de junho de 2014

(Especial) Máfia italiana usa 'darknet' para pedofilia

Roma -  A imprensa os chama de "monstros". Para as vítimas, porém, eles se apresentam como "amigos". Mas os pedófilos na Itália agora possuem uma nova identidade, a de empresários.

Protegidos pelo sistema de rede fechada darknet, criminosos estão lucrando com a importação e exportação de conteúdo pornográfico infantil. Essa é a Pedo-Connection, a nova modalidade de pedofilia na Itália, que tem sido praticada inclusive por associações mafiosas, como a 'Ndrangheta.

"Há anos, o crime organizado descobriu esse tipo de tráfico, que parece não ter limites. Com a produção de material pornográfico, muitas organizações criminosas que atuam em território internacional fazem deste tipo de mercado um ponto de força", disse a criminalista italiana Roberta Bruzzone.

"É preciso abandonar a ideia de que o pedófilo apenas troca fotos feitas por ele mesmo. Hoje em dia, os arquivos têm valor de mercado, o qual pode chegar a milhares de dólares, dependendo da idade, etnia e ato sexual praticado pelas vítimas", explicou a especialista.

No primeiro semestre do ano, as autoridades italianas receberam 200 denúncias relacionadas a esse tipo de crime, contra 344 registradas em todo o ano passado, quando 165 crianças foram atraídas pelos pedófilos. Na lista negra formulada pela polícia, há o registro de 1,7 mil sites, que ficam fora do alcance dos internautas normais.

Para acessar os sites da darknet (que não aparecem em motores de busca, como o Google), é preciso ter um software especial, como o TorBrowser. Esse software permite que os internautas usem o TOR (The Onion Router), onde os endereços de sites são terminados em ".onin" e as conexões são criptografadas para despistar as origens, com um IP anônimo.

E esse é o caminho percorrido pelo Centro Nacional para o Combate da Pedopornografia (CNCPO), que em apenas três meses, em colaboração com o FBI, colocou em prática a primeira operação do tipo na Itália e prendeu 10 pessoas, além de identificar três meninos de sete anos de idade, vítimas de abusos sexuais. Infiltrados, centenas de agentes e investigadores italianos tentam conquistar a confiança dos criminosos na darknet para, depois, prendê-los.

 Mas essa é só a ponta de um iceberg que as autoridades acreditam envolver uma organização com gírias próprias, métodos de comércio e negociação, e a qual exibe como troféus as crianças atraídas e violentadas. (ANSA)

www.ansabrasil.com.br

Nenhum comentário: