quarta-feira, 14 de maio de 2008

Juiz diz que Berlusconi pode testemunhar em julgamento da CIA


Um juiz de Milão decidiu nesta quarta-feira que o primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, pode ser chamado para testemunhar no julgamento de espiões norte-americanos e italianos acusados de sequestrar um suposto terrorista em Milão e levá-lo ao Egito. Berlusconi não é acusado de nenhum crime, e apenas compareceria para falar da complicada questão dos segredos de Estado sobre o caso. O ex-chefe de espionagem da Itália reuniu documentos que provam a inocência do premiê.

Berlusconi, de 71 anos, pode se tornar o primeiro chefe de governo a testemunhar sobre procedimentos criminais relacionados a transferências secretas de suspeitos de terrorismo por parte dos Estados Unidos, conhecidas como rendições. O juiz Oscar Magi decidiu que o ex-premiê Romano Prodi, que passou o poder para Berlusconi na semana passada, também pode ser chamado para testemunhar no mesmo caso.

Vinte e seis norte-americanos, quase todos provavelmente agentes da CIA, estão sendo julgados à revelia pelo sequestro de um líder religioso nascido no Egito, em 2003. Os promotores dizem que a equipe liderado pela CIA sequestrou Hassam Mustafa Osama Nasr nas ruas de Milão e o levou secretamente para o Egito. Lá, Nasr diz ter sido torturado durante os interrogatórios e preso sem julgamento. Ele foi solto em 2007. Nasr recebeu um mandato de prisão na Itália pela suspeita de atividades terroristas.

Berlusconi, que começa seu terceiro mandato como premiê, ocupava o mesmo cargo quando Nasr desapareceu e defendeu a agência de espionagem italiana das acusações de mau procedimento. Forte aliado do presidente George W. Bush, Berlusconi negou conhecimento de qualquer plano de sequestro, mas também se opôs a participar do julgamento, dizendo que isso poderia prejudicar a imagem da Itália ante a comunidade global de inteligência. O ex-chefe de espionagem italiano, general Nicolo Pollari, quer que Berlusconi e outras antigas autoridades -- inclusive Prodi -- testemunhem sobre os documentos que, segundo ele, provam que ele não teve nada a ver com a rendição.

Com informações da Reuters

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