sábado, 12 de julho de 2008

Debilidade do dólar deixa Vaticano no vermelho


Segundo o balanço econômico de 2007, divulgado nesta semana, a Santa Sé registrou uma perda de cerca 9 milhões de euros (o equivalente a R$ 22 milhões). Os analistas detectaram as perdas maiores no setor financeiro, onde calcularam uma queda no arrecadamento de cerca 12 milhõoes de euros, comparando com o balanço do ano de 2006. “A causa principal é a brusca e acentuada inversão de tendência na flutuação das taxas de câmbio, sobretudo do dólar”, diz o comunicado oficial da Santa Sé. Uma das principais fontes de receita são as doações recolhidas junto aos fiéis - e quase um quarto da coleta veio dos Estados Unidos, cuja moeda perdeu 15% de seu valor em relação ao euro no último ano.

De acordo com a análise apresentada pelas autoridades financeiras do Vaticano, a receita foi de 236,737 milhões de euros, e as despesas, cerca de 245,805 milhões de euros. As despesas são relativas aos gastos ordinários e extraordinários dos organismos da Santa Sé, onde trabalham 2.748 pessoas, das quais 1.637 leigas. O balanço foi apresentado pelo conselho dos cardeais que examinam os problemas organizacionais e econômicos da Santa Sé. Deste conselho faz parte o arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Eusébio Oscar Scheid. Os cálculos levaram em consideração os diversos setores de atividade da Santa Sé. A institucional, que compreende o funcionamento da cúria romana, a atividade financeira, o setor imobiliário e a atividade midiática. A área da comunicação social registrou um saldo negativo de 14 milhões de euros em 2007, sobretudo por causa do déficit da Rádio Vaticana e dos custos de publicação do Osservatore Romano, jornal oficial do Santo Padre. O setor imobiliário, o item mais consistente do patrimônio da Santa Sé, avaliado em cerca de 4 bilhões de euros, foi o único setor a registrar saldo positivo no balanço 2007. Segundo jornais italianos, o Vaticano seria proprietário de cerca 20% do patrimônio imobiliário italiano. De acordo com o balanço apresentado pelos cardeais, a receita vinda deste setor em 2007 foi de cerca 36 milhões de euros, 4 milhões de euros a mais do que em 2006. O saldo positivo deve-se ao aumento dos aluguéis e à venda de algumas propriedades, conforme diz o comunicado da sala de imprensa da Santa Sé. Mas o grosso da receita vem da arrecadação do chamado Óbolo de São Pedro - coleta para financiar obras sociais e de caridade do papa - que chegou a um total de US$ 79 milhões.

O país que mais contribuiu foram os Estados Unidos, com US$ 18,7 milhões. Em segundo lugar vem a Itália, com US$ 8,6 milhões e em terceiro, a Alemanha, com um financiamento de US$ 4,028 milhões. O Brasil está em sétimo lugar, tendo contribuído em 2007 com US$ 1,4 milhão.

BBC

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