Diz o ditado que nem tudo que reluz é ouro, mas talvez seja o que se come: a última moda na Itália é decorar os pratos de Natal com uma variedade comestível do metal precioso por excelência. Sem sabor e sem cheiro, o ouro usado na gastronomia tem uma função puramente estética, apreciada por muitos chefs e consumidores. Custo: US$ 64, já com os impostos, por um pacote de 24 folhas de ouro, pequenos quadrados de 10 centímetros.
É um elemento curioso mas, certamente, não é novo na culinária. Com o pó de ouro já se amassavam no antigo Egito as tortas ou bolos consumidos pelos faraós para aumentar seu conhecimento. Um tempero original e desde sempre exclusivo, que hoje - para aqueles que podem pagar, volta a ser moda sem quebrar nenhuma tradição.
É o que conta a revista World & Pleasure, segundo a qual os "pratos de 24 quilates" são a redescoberta de uma tradição italiana, um costume que se consolidou no período do Renascimento. Naquela época de tantas e tão profundas transformações para a humanidade, se recorria ao ouro para dar brilho aos alimentos nas mesas fartas dos nobres e dos reis.
Fez história a receita original do "risotto alla milanese" servido por uma das famílias tradicionais, os Sforza, que além do açafrão e do ossobuco de boi, também levava ouro, para demonstrar o poder econômico da família.
Por isso não foi por acaso que, há 30 anos, Gualtiero Marchesi, o pai da "nuova cucina italiana", resgatava esta variedade de risoto, que desde então foi incorporada aos manuais das escolas de chefs de toda Itália.
"O ouro também quer ter o seu próprio manual", disse à ANSA o chef Hans Beck, que usa as folhas de ouro só em pastelaria e em três de suas criações: "mousse al caffé", "sfera di cioccolato" e "cioccolatini".
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