sexta-feira, 15 de julho de 2011

Itália, um país cada vez mais farmacodependente

Por Pier David Malloni, Roma -  A Itália é um país cada vez mais farmacodependente, onde alguns grupos de pessoas, como idosos e crianças, recorrem aos comprimidos ou xaropes como uma prática corriqueira, de acordo com um relatório divulgado recentemente em Roma.

O relatório OsMed sobre o consumo de produtos farmacêuticos em 2010, elaborado pelo Instituto Superior de Saúde (ISS), em colaboração com a Agência Italiana de Drogas (Aifa, de sua sigla em italiano), confirmou a tendência de crescimento do fenômeno.

"A farmacodependência é um fenômeno generalizado em todos os países ocidentais, e não somos exceção", disse Roberto Raschetti do ISS e supervisor do relatório.

Os Relatórios nacionais italianos OsMed, anuais e periódicos, fornecem precisamente os dados sobre o uso de drogas no país, classificando-as por custo, volume e tipo.

"A cultura dominante é que é mais fácil recorrer a um remédio do que mudar um estilo de vida e, principalmente por isso, é necessário investir mais na educação para inverter a tendência", destacou o especialista.

A inclinação dos italianos pelo consumo de medicamentos é evidente diante dos números que, por exemplo, se referem às crianças: oito sobre 10 receberam pelo menos uma prescrição em 2010. Também é significativo o dado sobre os idosos, posto que atualmente quase 100% consomem produtos farmacêuticos.

"No caso das crianças, certamente há um elemento fisiológico relacionado às doenças infecciosas, mas também uma atitude de super proteção das mães, que pedem antibióticos aos primeiros sinais de gripe. E os pediatras nem sempre dizem 'não'", observou Raschetti.

Para os idosos, o especialista opinou que "o envelhecimento progressivo da população não é suficiente para justificar os números" do consumo de remédios.

Globalmente, o relatório indica um aumento constante do consumo de produtos farmacêuticos no país. No total, os italianos gastaram mais de € 26 bilhões em um ano (a Itália tem pouco mais de 60 milhões de habitantes).

Os remédios mais utilizados são aqueles relacionados ao sistema cardiovascular. Seguem-se os gastrointestinais e aqueles que atuam sobre o sistema nervoso central.

Neste último setor, o relatório indica um aumento consistente do uso de antidepressivos, dos quais se consumiram 35,7 doses por mil habitantes em 2010, contra as 34,6 de 2009.

www.ansa.it/www.italianos.it

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