Roma - O ministro italiano da Defesa, Ignazio la Russa, disse ontem(6) em entrevista à ANSA que conversou "rapidamente" com o presidente italiano Giorgio Napolitano, mas ainda não tem "nenhuma decisão" sobre a participação dos atletas italianos nos Jogos Mundiais Militares que começarão em 16 de julho no Rio de Janeiro.
Ele disse que, "como cidadão, diria claramente que não [à participação dos esportistas italianos nos Jogos], porque a questão da libertação de Cesare Battisti é enorme, mas, como ministro, a orientação é pelo sim". Portanto, ele se reserva o direito de "avaliar" a forma para esta "participação eventual".
A possibilidade de boicote da Itália à 5ª edição dos Jogos Mundiais Militares que acontece entre os dias 16 e 24 deste mês na capital carioca foi levantada pelo próprio ministro La Russa há cerca de duas semanas, quando definiu a libertação de Battisti como "inaceitável" e "inconcebível".
A decisão sobre a participação ou não dos atletas italianos só depende do titular da Defesa da Itália.
As diferenças em torno da libertação de Battisti também se expressaram hoje (6)com a iniciativa dos dirigentes nacionais da juventude do partido governista da Itália (PDL, Povo da Liberdade), Luciano Cavaliere e Massimo Fragola, em enviar uma carta ao presidente da Federação Italiana de Futebol (FIGC), Giancarlo Abete, pedindo a anulação do amistoso entre Brasil e Itália marcado para o segundo semestre deste ano, conforme divulgado ontem (5) pela CBF.
Para eles, "o futebol, como qualquer outro esporte, deve ser portador de valores, de lealdade e respeito recíproco entre os diversos sujeitos e, neste caso, entre diversos povos" e, por isso, "não é admissível considerar uma competição amistosa com um Estado que liberta um terrorista homicida negando-lhe extradição", escreveram.
"Pedimos que, por respeito às famílias das vítimas do terrorista Battisti, esta Federação se recuse a organizar um amistoso com representação desportiva brasileira, neste caso futebolística, até que o Estado do Brasil devolva Cesare Battisti à Justiça italiana", finalizaram.
O italiano foi libertado em 8 de junho pelo Supremo Tribunal Federal (STF), após a Corte avaliar que a decisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em não extraditá-lo para a Itália não feria os tratados bilaterais.
A decisão causou revolta nas autoridades italianas, entre elas o ministro Roberto Calderoli, que sugeriu que seu país boicote a Copa do Mundo de 2014, que acontecerá no Brasil.
Battisti foi condenado à revelia em seu país natal à prisão perpétua por quatro assassinatos perpetrados na década de 1970, quando ele integrava o grupo de extrema-esquerda Proletários Armados pelo Comunismo (PAC).
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