Roma - O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, se viu obrigado na noite de terça-feira a reverter um projeto de lei que beneficiaria diretamente sua empresa, a Fininvest. Sem saber sequer da existência da norma, opositores e, principalmente, seus até então inabaláveis aliados do bloco conservador Liga Norte se apressaram em atacar o 'Cavaliere'.
Berlusconi é acusado de esconder, nas entrelinhas da lei de ajuste fiscal que prevê um corte de 47 bilhões de euros no orçamento do país, uma cláusula suspendendo o pagamento de quantias superiores a 20 milhões de euros em questões determinadas pela Justiça até a terceira instância. O objetivo seria livrar sua empresa do pagamento de uma indenização de 750 milhões de euros a seu rival Carlo De Benedetti, dono do grupo "La Repubblica" em uma disputa judicial pelo controle da editora Arnoldo Mondadori nos anos 90.
O texto original do pacote de austeridade, elaborado pelo Tesouro e enviado ao Gabinete, não continha a cláusula polêmica - que apareceu misteriosamente na versão entregue para ser sancionada pelo presidente. Nem mesmo os aliados de Berlusconi na Liga Norte conheciam a cláusula 37 do artigo, e analistas italianos descreviam "um clima venenoso" no escritório do premier.
Segundo a imprensa local, o líder da Liga Norte, Umberto Bossi, se disse furioso com a manobra de Berlusconi e chegou a ameaçar deixar o governo caso o Cavaliere não retirasse o controverso parágrafo do texto.
A polêmica surgiu no mesmo dia em que conseguiu uma pequena vitória na batalha judicial para se livrar das acusações de prostituição de menores e abuso de poder.
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