quinta-feira, 7 de julho de 2011

Vaticano vai revelar arquivos secretos em mostra inédita

Cidade do Vaticano- Numa exposição sem precedentes, o Vaticano se prepara para exibir, a partir de fevereiro 2012, 100 documentos de seus arquivos secretos jamais mostrados, inclusive os relacionados a alguns dos assuntos mais delicados para a Igreja Católica.

Entre manuscritos, pergaminhos e documentos, a mostra "Lux in Arcana: os arquivos secretos do Vaticano revelados" incluirá detalhes do julgamento de Galileu e do papado de Pio XII, que para muitos foi omisso durante a Segunda Guerra e fez pouco para conter o Holocausto.

Um dos documentos mais importantes é a carta do Parlamento britânico pedindo ao Papa Clemente XII que anulasse o casamento de Henrique VIII e Catarina de Aragão, acontecimento-chave no rompimento da Inglaterra com a Igreja Católica.

Em geral, os arquivos revelados são anteriores à década de 1950, já que os papéis são minuciosamente organizados, e o Vaticano ainda está no papado de Pio XII (1939-1958). A exceção será justamente alguns documentos do período da Segunda Guerra.

O monsenhor Sergio Pagano, principal arquivista do Vaticano, disse que não se deve esperar muitos detalhes do papado de Pio XII, e sim um relato mais "emotivo" sobre a época. Segundo ele, seria desonesto com especialistas apresentar apenas uma parte da informação sobre o período, uma vez que ainda há muito a ser catalogado.

Pagano explica que os novos documentos mostrarão que Pio XII estava "atormentado", mas que também fez muito para defender os que sofreram durante a guerra. O Vaticano insiste que o Papa usou uma diplomacia discreta para salvar a vida de judeus e que, se tivesse se pronunciado com mais ênfase contra o regime nazista, teria levado a mais mortes.

O Vaticano colocou Pio XII no caminho de uma possível santificação, apesar da oposição de grupos judeus e especialistas. Eles defendem que o processo deve esperar até que se tenha acesso a todos os documentos relacionados ao seu papado.

A exibição, que será aberta ao público, é pelos 400 anos dos arquivos vaticanos, criados pelo Papa Paulo V e que hoje reúnem mais de 350 mil textos históricos.

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