quarta-feira, 9 de maio de 2012

Fabio Porta: carta aberta a embaixador


Com uma "Carta Aberta" endereçada ao Embaixador da Itália no Brasil, Gherardo La Francesca, o deputado italiano eleito na América Meridional, Fabio Porta, evidencia algumas questões urgentes que, há alguns anos, aguardam uma resposta por parte de nossas instituições.


     Apresentamos a seguir o texto integral da carta:


     "Caro Embaixador,


     Entramos naquele que, previsivelmente, é o último ano da legislatura e sinto a necessidade, além do dever, de fazer com o Sr., que é o mais alto e direto interlocutor institucional no Brasil, um alinhamento dos problemas que em sua grande maioria preocupam os nossos compatriotas.



     O faço com aquele espírito de colaboração e de amizade, do qual muitas vezes reciprocamente nos demos prova, e com o conhecimento das responsabilidades exigentes que são inerentes ao vosso papel em um momento de tão séria dificuldade para o nosso País.


     Não posso, entretanto, omitir-lhe a preocupação de que muitos problemas estão se acumulando e que a situação das nossas comunidades do Brasil possa sofrer uma involução seja devido ao muito cansativo prosseguimento da presença da Itália no mundo e à drástica redução das chamadas políticas emigratórias que da lentidão de alguns percursos diplomáticos e administrativos. 


     Sem a pretensão de fazer um elenco exaustivo das muitas coisas que precisam ser feitas, lembro, a título de exemplo, que a queda do apoio aos cursos de língua e cultura italiana e, em particular, a eliminação do financiamento dos cursos para adultos, está dispersando um patrimônio de elos culturais que é particularmente preocupante na circunscrição consular Brasileira. Se juntarmos a isso as dificuldades, muitas vezes mencionadas, dos nossos Institutos de Cultura, é justo temer um redimensionamento da oferta cultural do nosso país no Brasil. Tudo isso apesar dos indiscutíveis esforços e sucessos do MIB Momento Itália Brasil, em relação ao qual o Sr. tem tanto orgulho, que mereceria um contexto positivo para continuar a alimentar a nossa presença cultural nesse grande País.


     No que me diz respeito, solicitei muitas vezes, através de atos parlamentares, e justamente nesses últimos dias com um adicional questionamento ao Governo, a urgência de uma medida integrativa para restituir a intervenção cultural ao menos aos níveis do ano passado. Creio que também, de vossa parte, uma representação da dramaticidade da situação e uma solicitação de uma maior flexibilidade de intervenção para os adultos poderia contribuir para evitar as consequências mais temíveis.


     Sobre os atrasos na absorção das práticas de cidadania no Brasil, esse continua a ser um caso particular, não só a nível mundial, mas também Sul Americano. Enquanto que para outras situações, como a da Argentina, a aplicação da famosa 'força tarefa' promovida nos últimos anos tenha tido um efeito praticamente resolutivo, para nós isso não aconteceu. Creio que, apesar das dificuldades de ordem financeira, se deve insistir com o Ministério para a adoção de instrumentos extraordinários e, ao mesmo tempo, para um fortalecimento operacional da Comissão que examina, no Ministério do Interior, as solicitações dos descendentes dos habitantes do ex Império Austro Húngaro, a fim de acelerar a atividade. Nesse propósito, um apreciável proveito uma maior coordenação e homogenização entre os vários Consulados poderia produzir (talvez baseada nas 'boas práticas'), como também a promoção de um acordo bilateral, frequentemente evocado, sobre a simplificação do reconhecimento dos documentos de estado civil, assim como já é feito em numerosos outros casos.


     Diversos problemas, caro Embaixador, estão abertos há muitos anos sob o plano das relações diplomáticas entre os nossos dois Países e mereceriam, portanto, um empenho mais direto e resolutivo. Refiro-me, por exemplo, ao acordo destinado a evitar a dupla impostação fiscal, que é aplicada de modo punitivo, principalmente para os aposentados que vivem no Brasil; ao acordo para o recíproco reconhecimento das habilitações para motoristas, que tiraria de uma dificuldade recorrente um grande número de pessoas residentes seja na Itália que no Brasil; à ratificação do acordo, já objeto de uma longa preparação, sobre a transferência das pessoas condenadas aos respectivos países; à certamente mais complexa mas não menos necessária atualização do acordo bilateral de segurança social, a este ponto inadequado a uma séria tutela dos nossos compatriotas no Brasil e, finalmente, ao mais simples (mas sempre atrasado) acordo administrativo INSS-INPS para o pagamento na Itália das pensões Brasileiras.


     Me dou conta, caro Embaixador, que os prazos das relações diplomáticas não são breves e que, nesses últimos tempos, as relações com o Ministério não são fáceis. O Sr. deverá convir comigo, entretanto, que os direitos e as expectativas dos nossos compatriotas não devem ser sempre subordinadas às dificuldades da situação política e à lentidão dos procedimentos administrativos. Muitas coisas além disso podem ser feitas, levando-se em conta as restrições financeiras, que existem e pesam.


     Estou a vossa disposição para examinar pontualmente as questões específicas apresentadas e para coordenar, da melhor maneira, o nosso trabalho, de modo que os nossos compatriotas no Brasil tenham a concreta percepção do nosso empenho. Enquanto isso, lhe agradeço pela atenção dispensada e lhe apresento minhas cordiais saudações."

 (Fonte: Assessoria de Imprensa do Deputado Fabio Porta) 

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